A ditadura militar, regime que ocorreu de 1964 e 1981, foi marcada principalmente pela falta de liberdade de expressão. Vários setores da sociedade mobilizaram-se para readquirir esse direito, hoje utilizado para justificar discursos de ódio nas redes sociais, os quais revelam um país ainda com posicionamentos preconceituosos, impulsionados pelo anonimato oferecido pelo mundo online. Segundo Maquiavel, preconceitos têm mais raízes do que os princípios. O comportamento discriminatório observado em plataformas como Facebook e Twitter reafirma o que foi dito pelo filósofo florentino e expõe uma realidade bem distante da democracia racial defendida por Gilberto Freyre, cada vez mais intolerante. Além disso, a carência de leis próprias para crimes onlines impulsiona a disposição de conteúdos e aumenta o número de autores. Como resultado desse ausência tem-se o sentimento de impunidade. A falsa ideia de liberdade de expressão, a qual oprime e remete ao regime militar aumenta essa sensação e leva a maioria das vítimas a aceitarem o cálice que Chico Buarque e Gilberto Gil queriam afastar. Ademais, o anonimato proporcionado pela internet soma-se a esses outros fatores e contribui para o silêncio dos receptores das ofensas. Nesse sentido, é de suma importância, antes de mais nada, o ensino ao tratamento respeitoso e adequado à diversidade social, feito em casa, na escola e também pela mídia. Outrossim, cabe ao poder público criar leis de combate ao discurso de ódio e impulsionar iniciativas contra a intolerância, para que, dessa forma, a liberdade de expressão reconquistada após ditadura não tenha sido em vão.