Sabe-se que apesar de propagar a imagem de povo pacífico, há uma tendência no brasileiro de atacar verbalmente, e às vezes fisicamente, para desqualificar qualquer um que seja contrário ao seu discurso. E esse sintoma tem aumentado com o advento da internet e a sensação de anonimato e impunidade que ela proporciona. Conquanto a discriminação de qualquer natureza esteja tipificada como crime na carta magna brasileira, é o que se tem visto com freqüência nas redes sociais. Indivíduos se aproveitam do suposto anonimato que a internet proporciona para destilar o ódio, agredir verbalmente, ofender e humilhar, com todo tipo de declaração preconceituosa, àqueles que consideram inferiores a eles. Utilizando o argumento de liberdade de expressão, incitam o preconceito e o ódio contra a comunidade LGBTS, negros, índios, pessoas com necessidades especiais e etc. Também não são raros os casos nos quais algumas dessas pessoas sequer se deram ao trabalho de ocultar as identidades. No entanto, essa postura não parece ser exclusividade do cidadão comum e anônimo. Têm circulado mensagens de conteúdo discriminatório de personalidades da mídia, políticos e até líderes religiosos, que, se não incitam, não desestimulam e, de cerca maneira, endossam essa conduta sob o argumento de defesa da liberdade de expressão. A internet não é terra sem lei. Apesar de existir alguns limbos jurídicos, há legislação que dita às regras, tal qual no mundo físico. Porém, é de suma importância que haja um debate mais amplo com a sociedade, para conscientização quanto aos limites entre liberdade de expressão e ofensa ao próximo ou cometimento de crime.