A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pelas nações em 1946, visa garantir a base do respeito à dignidade humana. Todavia, os frequentes discursos de ódio nas redes sociais representam um entrave para a concretização de tais preceitos na sociedade contemporânea. Essa questão é evidente, não só pela sensação de impunidade no espaço digital, como também pela disseminação instantânea de conteúdos danosos à coesão e ao equilíbrio social. Destarte, discurso de ódio pelo entendimento jurídico é qualquer tipo de discurso, conduta, gesto, escrita proibida por lei que pode incitar violência, ofensas ou ações contra alguém ou um grupo de pessoas. A legislação pode elencar as características que levam a descriminalização como raça, gênero, origem, nacionalidade, orientação sexual e religião. Decerto, o advento da internet, segundo o escritor italiano Umberto Eco, promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade, em virtude de possibilitar o acesso a novas ferramentas que são capazes de perpetuar e disseminar ideologias intolerantes. Dessa forma, a possibilidade de anonimato e a crença de que a legislação não se aplica às posturas online estimulam muitos indivíduos a expressarem pensamentos preconceituosos. Por conseguinte, o ambiente virtual é permeado por ideias racistas, machistas, homofóbicas, as quais são inadmissíveis em um regime democrático e infringem os Direitos Humanos. Outrossim, a facilidade em propagar tais ideias e as dificuldades de removê-las, ampliam os efeitos nocivos das falas discriminatórias. Posto que, segundo a teoria da “banalidade do mal”, de Hannah Arendt, a maldade humana deriva da irreflexão. Sob esse viés, durante o período nazista os valores morais inverteram-se e o mal se tornou banal, ou seja, uma visão rotineira. É incontestável, portanto, que práticas cotidianas e aparentemente inofensivas como o compartilhamento de publicações com conteúdo preconceituoso, são perigosas, já que possibilitam e encorajam a persistência de tais ações. Logo, medidas apaziguadoras são imprescindíveis para a manutenção do equilíbrio social. Em suma, cabe aos meios de comunicação aprimorar os sistemas de moderação e reforçar as equipes responsáveis pela triagem dos comentários, a fim de identificar publicações que desrespeitem algum grupo e tirá-las de circulação. Ademais, o governo deve investir na construção de mais delegacias especializadas em crimes cibernéticos, com o intuito de punir devidamente os transgressores. Além disso, a sociedade pode mobilizar campanhas online contra o discurso de ódio, com a finalidade de promover reflexão e tolerância. Por intermédio das medidas supracitadas o discurso de ódio será consideravelmente reduzido.