No final do século XX, o psicólogo Frederic Skinner propôs que o comportamento do homem é a reverberação da influência que o meio exerce sobre ele. Sob tal ótica, percebe-se que, hodiernamente, as inovações tecnológicas têm contribuído para ampliar os meios de comunicação, até mesmo de forma maléfica. Dessa forma, surge a problemática do discurso de ódio nas redes sociais, seja pela ausência do Estado, seja pelas políticas das próprias redes. Em primeiro plano, a Constituição Federal de 1988- norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro- assegura o exercício de direitos individuais como, por exemplo, a igualdade de todos perante a lei. No entanto, não há políticas públicas que contribuam, de fato, para o uso correto das redes sociais, corroborando assim no ferimento à dignidade de muitos usuários que sofrem ataques até pelas mais simples razões. Prova disso se dá conforme levantamento da agência Nova/sb no qual identificou, em três meses de pesquisa, que 84% de mensagens compartilhadas eram com algum tipo de preconceito maldoso. Então, o Estado deve se fazer presente para que as futuras gerações não vivam em um caos social. De outra parte, as próprias configurações de uso das redes contribuem para um cenário ainda mais desafiador. Tal fato é percebido pela garantia no anonimato do algoz e pela liberdade em explicitar o que bem quiser sem nenhum tipo de filtro. Essa possibilidade é o que o sociólogo Pierre Levy define como cibercultura , ou seja, a sociedade contemporânea personifica o mundo real em virtual. Também, vários casos, como os ataques virtuais racistas à apresentadora- Maria Júlia -de um famoso jornal televisivo, confirmam que é preciso uma atenção especial nas novas formas de comunicação. Assim, é necessário também a atuação das empresas responsáveis pelas redes no intuito de atenuar o problema. Infere-se, portanto que o debate acerca do discurso de ódio nas redes sociais é de extrema importância. Sendo assim, cabe às empresas responsáveis pelas redes sociais criarem fóruns de discussão- nas próprias redes- sobre como diminuir práticas maléficas e melhorar as relações virtuais. Outrossim, cabe à Polícia Federal criar um setor de inteligência- exclusivo para crimes virtuais- que desenvolva um software capaz de identificar comentários que sejam considerados ofensivos e que firam as leis, com a finalidade de fazer denúncia junto ao Ministério Público. Dessa maneira, problemas sociais serão amenizados e discursos saudáveis não serão um mera utopia no país.