Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais de que o Brasil necessita?

Redação enviada em 23/05/2018

A Primeira República do Brasil, embora tenha abolido o critério censitário, restringiu o direito ao voto a uma ínfima parcela da população, uma vez que mulheres e analfabetos, por exemplo, eram impedidos de participar das eleições. Em virtude de numerosos movimentos sociais, esse direito é, na contemporaneidade, garantido constitucionalmente a todos os brasileiros com, no mínimo, 16 anos. No entanto, essa árdua conquista não tem sido capaz de promover as transformações sociais idealizadas por aqueles que participaram dessa luta histórica e reivindicadas pelos atuais eleitores, haja vista a negligência social e o esfacelamento moral estatal. Em primeiro lugar, sob o viés sociocultural, a banalização do voto por grande parte da população brasileira constitui um impasse na efetivação de mudanças no país. Esse paradigma é alicerçado pelo contemporâneo cenário de descrença na política, o qual gera a sensação de que a pesquisa sobre os candidatos durante as eleições é dispensável. Dessa forma, a comparação entre a sociedade e um organismo vivo feita por Émile Durkheim –sociólogo francês-, em que cada indivíduo corresponde a um órgão e possui uma função necessária para o bom funcionamento social, correlaciona-se com a realidade atual, posto que, sem a contribuição de uma parte dos cidadãos, a ocorrência de mazelas é inevitável. Dessa maneira, evidencia-se a necessidade da conscientização populacional a respeito da importância do voto. Ademais, sob a ótica política, o descaso dos governantes com a população após o período eleitoral dificulta a modificação do atual cenário brasileiro. Essa postura ético-operacional se acastela no desejo de perpetuação no poder dos políticos, os quais, durante sua gestão, secundarizam pautas de interesse geral e investem em obras e em ações de forte impacto midiático eleitoral a fim de se reelegerem. Nessa perspectiva, a análise de Sérgio Buarque de Holanda, em “Raízes do Brasil”, mostra-se extremamente atual, uma vez que relaciona a incapacidade operacional do Estado à constante vinculação entre o público e o privado pelo brasileiro. O desinteresse social e o descompromisso governamental, portanto, são empecilhos na promoção de transformações sociais por intermédio do voto no Brasil. A fim de concretizar tais mudanças, o Poder Executivo Federal, sob a forma de Ministério da Educação, deve promover a conscientização a respeito da seriedade e da magnitude do voto – haja vista a necessidade da obtenção de maior legitimidade no processo eleitoral-, por meio da inserção de ensino político básico nas grades curriculares e de palestras e debates que expliquem e estimulem a responsabilidade do eleitor durante e após as eleições. Desse modo, construir-se-á um governo que, de fato, represente o povo.