A Constituição Federal de 1988 assegura a todo indivíduo maior de 18 anos o direito ao voto. Entretanto, ao se analisar as conquistas sociais, advindas de tal garantia, verifica-se que ela não atende as transformações que o tecido social brasileiro necessita. Nesse sentido, é indubitável que a efetiva concretização das alterações coletivas representam um desafio a ser enfrentado de forma organizada e urgente pela contemporaneidade. Isso se evidencia pela corrupção que muitos cidadãos praticam aliado ao preconceito enraizado na sociedade. Primordialmente, é controvertível que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas da problemática. Segundo o filósofo grego Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a corrupção rompe com essa harmonia, haja visto que ela está presente tanto no setor governamental como em meio ao social. Para exemplificar esse cenário, pode-se salientar a presença das práticas deturpais no cotidiano de muitos cidadãos que as praticam de forma passiva e/ou ativa: sonegando impostos, pirateando, subornando e na esfera administrativa diversos são os escândalos divulgados pelos meios informacionais: Lava Jato, Mensalão, entre outros. Outrossim, destaca-se a discriminação como impulsionador do problema. De acordo com Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e de pensar, dotada de exterioridade, generalidade e coercitividade. Nessa perspectiva, observa-se que ainda existe muita intolerância por parte dos indivíduos fazendo com que exista uma divergência entre o pensamento do filósofo e as interações sociais atuais. Dessa forma, muitos estereótipos – “índio preguiçoso, negro malandro, loira burra” – e formas de intolerância – distinção de raças, de gêneros - ainda não foram extintas e são recorrentes na rotina de muitos. Tendo em vista os argumentos supracitados, constata-se que a conquista do direito ao voto é, em boa parte, menosprezada cabendo ao coletivo buscar formas de valorizar a êxito alcançado. Desse modo, é notória a necessidade da valorização do apanágio ao sufrágio para a efetivação das conquistas sociais brasileiras. Portanto, cabe ao Ministério da Cultura e Educação, por meio da implantação de projetos em escolas e demais locais de acesso ao público, instigar na sociedade um pensamento crítico e contrário à corrupção, a fim de formar cidadãos que respeitem as leis de seu país e que contribuam com a fiscalização dos atos corruptos, tanto na esfera governamental quanto na social. Concerne às famílias, mediante uma boa educação dialética, criar jovens que sejam avessos a qualquer forma de preconceito, com a finalidade de erradicar os estereótipos existentes. Assim, será possível promover o reconhecimento do voto e concomitantemente a reconstrução do tecido social brasileiro, de modo que se desenhe um futuro melhor.