Do nascer da democracia, nas Ágoras de Atenas, à atualidade, muito se conquistou em termos de inclusão social na política. Havia participação popular já naquele tempo, inclusive direta, contudo censitária e restrita aos homens. Felizmente, observando a atual abrangência desse direito, agora acessível a todos os gêneros e classes sociais no Brasil, vê-se o evidente progresso, embora muitos problemas ainda precisem ser superados. Como expresso acima, vários dilemas tornam o voto no Brasil uma questão atual para debate. Um deles é o voto de cabresto. Este, erva daninha da liberdade de escolha, apesar de já mitigado, persiste em diversas regiões do país, como o Nordeste, e, sobretudo quando aliado ao coronelismo, consiste em forçar uma parcela mais vulnerável da população a votar, muitas vezes sob ameaças, em candidatos pré-selecionados. Isso é tão prejudicial porque não permite que o eleitor reflita verdadeiramente sobre as propostas de cada político, votando apenas por medo. Além disso, uma outra preocupação está no desinteresse de parte da população com o futuro do país. Reflexos dessa falta de interesse, como vender voto e eleger políticos por “amizade”, tão reprováveis, não só colocam pessoas desonestas no poder, mas também deixam a população à mercê delas e privilegiam interesses pessoais acima dos coletivos. Para piorar, mesmo quando o voto é consciente, muitos sequer lembram as propostas dos eleitos, a fim de cobrá-las e fazê-las valer. Assim abre-se espaço para mais mentiras e promessas que dificilmente serão cumpridas. Dessa maneira, ações restauradoras da política são urgentes. Primeiramente, Tribunais Regionais Eleitorais devem fazer campanhas, para veiculação na TV e na Internet, sobre a importância do voto, principalmente daquele honesto, e sobre a necessidade de mais jovens retirarem o Título de Eleitor para exercer de fato a cidadania. Do mesmo modo, é dever também da polícia de cada município investigar e averiguar denúncias de compra de voto e solucionar tais casos. Ademais, escola e família têm o papel de, por meio de diálogos e bons exemplos, destacar para crianças e jovens a importância da democracia e da participação da sociedade na manutenção de um governo que zele pelos interesses da maioria. Pois um mandato pode durar quatro anos, mas as consequências dele, muito mais.