O direito de voto, característica fundamental do sistema democrático, resulta de um longo percurso no Brasil, iniciado com a Proclamação da República em 1889 e marcado profundamente pela admissão do voto feminino no governo de Getúlio Vargas, por exemplo. No entanto, é indiscutível que a operacionalização desse ideal ainda encontra importantes obstáculos. Assim, a problemática persiste intrinsecamente ligada a realidade do país, seja pela corrupção, seja pelo desconhecimento da população acerca da importância do voto consciente. É indubitável que a corrupção esteja entre as causas do problema. O “voto de cabresto”, amplamente disseminado durante a República do Café com Leite, é visto ainda hoje, mesmo que de forma mascarada. A consequência da troca de votos por favores ou dinheiro está na eleição de candidatos pouco qualificados, cujas vitórias de devem tão somente ao montante pago à população que, por sua vez, vende seu direito e falha com seu dever social. Outrossim, destaca-se que a falta de conhecimento da população acerca da importância do voto consciente como impulsionador do problema. De acordo com o filósofo Immanuel Kant, “O homem é aquilo que a educação faz dele”. A alienação no que se refere às consequências do voto é resultado explícito de uma educação básica precária, na qual os direitos e deveres da vida em sociedade não são o foco. É evidente, portanto, que medidas devem ser tomadas para resolver o impasse. Destarte, cabe ao TSE garantir a legalidade das eleições, punindo, através de leis consistentes e um sistema judicial competente, aqueles que de alguma forma fraudarem as eleições. Ademais, cabe ao MEC a implantação de disciplina obrigatória acerca da cidadania e convívio em sociedade na educação básica, de forma a formar indivíduos conscientes de tais questões, culminando em importantes transformações sociais.