Título da redação:

Crise de representatividade

Tema de redação: O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais de que o Brasil necessita?

Redação enviada em 26/05/2018

''Escurece, e não me seduz tatear sequer uma lâmpada/ Pois que aprouve ao dia findar, aceito a noite'' O poema do autor Carlos Drummond de Andrade traz a tona um olhar cético sobre a realidade, na qual o eu lírico confessa não ter desejo de buscar a luz. Hodiernamente a essa concepção, é perceptível na sociedade brasileira um descrédito cada vez maior no processo político, na qual, essa indiferença, é em si mesma, um sinal claro da crise de representatividade. Tal problema agudizado pelos inúmeros casos de corrupção oferece riscos a democracia no Brasil, os quais devem ser conhecidos e enfrentados. Tenhamos, em mente, antes de tudo, o que constitui o ideal de um modelo representativo. Concebido no início da Idade Moderna por autores como John Locke e vitorioso a partir da Revolução Francesa, o sistema é hoje a base de funcionamento de inúmeros Estados o mundo. Com efeito, toma-se na atualidade a ideia de que o poder emana do povo e que é, portanto, na qualidade de representantes que os agentes públicos exercem sua prerrogativa. A eleição de representantes pelo voto popular seria, assim, o mecanismo de excelência de transmissão do poder público. Percebe-se, porém, que essa realidade admitida em teoria não é vivenciada na prática. De fato, na medida que se distancia representantes de representados, o sistema político tende inevitavelmente a criar um fosse cada vez maior entre esses dois níveis. De um lado está o povo que na prática só se envolve com a política de tempos em tempos, nas eleições. De outro, os representante que veem na na política um meio para angariar poder e realizar projetos de cunho pessoal. No longo prazo, o que se da é uma cada vez mais intensa crise: o povo, não se vê representado pelos agentes públicos. Portanto não é difícil perceber as razões para a crise de representação verificada no Brasil. Na verdade, mantendo os mesmos caminhos, a situação tende a piorar. Contemplando-se esse quadro de terror, a única saída possível seria radicalizar a ordem democrática, fortalecendo mecanismo de democracia direta, tais como plebiscitos e referendos, o que pode ser conseguido com o apoio das mídias e pressões populares. Somente assim, será concebível que a sociedade se distancie do semblante conformista como no poema, criando um autêntico significado para governo do povo.