Título da redação:

Objetificação precoce

Tema de redação: O desafio do combate à pedofilia no Brasil Contemporâneo

Redação enviada em 31/08/2017

“Ela se empenhou em aliviar a dor do amor primeiro friccionando com força seus lábios secos contra os meus; em seguida, minha querida se afastou jogando nervosa os cabelos para trás e logo se aproximou de novo na sombra deixando que eu me alimentasse em sua boca aberta, enquanto com uma generosidade pronta a oferecer-lhe tudo, meu coração, minha garganta...”. Essa citação de “Lolita”, de Vladimir Nabokov, a qual uma menina de apenas 12 anos (Dolores) sofre abusos sexuais do padrasto (Humbert), evidencia o espetáculo da hiperssexualização precoce e pedofilia, muitas vezes romantizado pela cultura convencional brasileira. Em vista disso, a partir da disseminação dos meios de comunicação, o público infantil tem se tornado alvo dos agressivos veículos midiáticos e marketing através da exposição imagética das crianças em campanhas publicitárias e em programas televisivos brasileiros. Estes, infelizmente, acabam por incitar desde cedo, o culto ao corpo ditando padrões e modelos a serem seguidos. Sendo assim, a mídia é um dos principais incentivadores no processo de erotização pela influência dos estímulos eróticos que produz ou pela permissividade com que tais estímulos chegam até as crianças. Esses estímulos, no que tange a música, referência como meio de inserção e identificação cultural, são explicitados em canções de cunho apelativo que induzem comportamentos inadequados para algumas faixas etárias e instigam a pedofilia. Comumente, são vistas crianças dançando ao som de refrões carregados de sexualidade que se tornaram muito conhecidas em todo o país, cantadas por também jovens, que estimulam a iniciação sexual e a objetificação do corpo. Devido a pouca idade, muitos ainda não possuem discernimento para compreender de uma forma adequada, desprovida de malícia, o que essas músicas representam. Nesta fase da vida, a criança deveria voltar-se para a descoberta do seu corpo naturalmente e de forma gradual, entretanto, ocorre a chegada precoce à sexualidade voltada para a genitalidade. Faz-se imprescindível, portanto, que professores instiguem um olhar contestador e mais apurado dos alunos para a mídia, de maneira a aplacar sua influência e contestar o que lêem e vêem. Ademais, é importante a educação sexual pela família e escola às crianças desde cedo, não a fim de estimulá-los e sim de torná-los capazes de conhecer o seu próprio corpo, quebrando tabus. Cabe, também, à mídia o cumprimento do seu papel social, fazendo manutenção de seus programas para evitar que sejam vistos por crianças, através de mudanças de horários.