No limiar da hodiernidade vivemos um grande dilema: a pedofilia. Frente à essa realidade, a mistura explosiva do abuso sexual de crianças e o forte sentimento de inimputabilidade, cada vez maior, tem todos os sinais para se tornar, potencialmente, um dos mais desastrosos problemas a serem combatidos pelo Brasil no século atual. Nunca na história da "Mãe Gentil" houve condições técnico-científicas tão favoráveis ao combate da pedofilia. Diante das ferramentas vigentes na atualidade, é possível pensar em um outro tipo de sociedade: menos abissal. Dessa forma, relegar tal abuso à condição de colateralidade é tão assombroso quanto cometê-lo. Em meio a esse contexto de crime e negligência, o sentimento de inimputabilidade por parte dos criminosos é cada vez maior. De acordo com Departamento de Estatística da Universidade de São Paulo (USP), o número de casos de pedofilia no Brasil cresce cerca de 7% ao ano. Dessa maneira, enquanto as Delegacias de Repressão à Pedofilia não tratarem um pedófilo como um criminoso perigoso, de fato, o abuso continuará sendo uma constante no País. Parafraseando o poeta Carlos Drummond de Andrade, havia uma pedra no meio do caminho. Nessa perspectiva, o obstáculo do combate à pedofilia no Brasil, representado pela pedra, é a negligência. Para reverter esse quadro, é imprescindível que a sociedade, através dos diversos meios disponíveis no País, denuncie ao abuso, para que, paulatinamente, o sentimento de inimputabilidade se acabe. Seria interessante também, que a mídia - como formadora de opinião - instrua as pessoas sobre como as denúncias podem ser feitas, alertando-as sobre a gravidade do problema. Outras medidas devem ser tomadas, mas, como apregoava Oscar Wilde: " o primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação".