Título da redação:

A Dor de Dolores

Tema de redação: O desafio do combate à pedofilia no Brasil Contemporâneo

Redação enviada em 31/08/2017

Quando Vladmir Nabokov, em pleno século XX, chocou o mundo com o futuro clássico literário, "Lolita", obra que retrata abusos sexuais de um homem adulto para com uma criança, foi cruelmente criticado. Todavia, o que a sociedade da época não percebeu foi que a realidade da personagem Dolores era semelhante à de muitos menores. Nesse âmbito, seja pela naturalização da sexualidade infantil ou pela desproteção familiar, o combate à pedofilia no Brasil atual é desafiador. Primordialmente, é importante ressaltar que, segundo pesquisas do DHPP, 80% das vítimas pertencem ao sexo feminino. Isso é um reflexo do pretérito brasileiro, marcado por costumes arcaicos, como prometer meninas para casamentos arranjados sem antes, sequer, deixa-las atingir a maioridade. Apesar de pertencer ao passado, tal atrocidade ameaça retornar. Pois, através de veículos culturais e midiáticos, como músicas e propagandas, reverberam-se pensamentos de cunho pedófilo, como a objetificação da chamada "novinha". Portanto, fazendo jus à frase de Cazuza, "vejo o futuro repetir o passado", a disparidade de idades entre "casais" volta a ser considerada mundana, propiciando agressões contra menores a passarem despercebidas. Em contraponto, a principal problemática independe de gênero: o abuso propriamente dito. Etimologicamente, um dos sinônimos para "criança" é "vulnerável". Tendo tal ponto em vista, é de suma importância protege-las, vide a fragilidade delas. Contudo, de maneira análoga à primeira lei newtoniana, a maioria das famílias permanece inerte frente a questão. Deixando, muitas vezes, em nome da privacidade dos filhos, de monitorar o que eles acessam na internet e permitindo que eles e saiam sem esclarecer informações a respeito do lugar a que vão ou de quem estão indo encontrar. Assim, os meninos e meninas da nação acabam caindo na mão de violentadores. Destarte, o Ministério da Cultura, em parceria com o Ministério das Comunicações, deve impor severas multas àqueles que fizerem uso dos recursos a que os supracitados se referem para propagar ideais obscenos no que tange a idade pueril. Ademais, os pais devem intervir na vida pessoal e digital dos filhos, nunca de modo agressivo, mas conscientizador, impedindo que suas crias se tornem alvo de pedófilos. Se tais medidas forem tomadas, o país honrará a sua Constituição de 1988, primeira a abordar a questão da infância e juventude.