Do latim ‘nutriens’, nutrição significa ‘aquele que alimenta’. No sentido biológico, nutrição consiste em fornecer ao corpo o necessário para seus processos vitais. O brasileiro, no entanto, prefere comer a se nutrir, desconsiderando a importância vital da alimentação na vida do homem. Na era da informação, os deveres e tarefas tomaram conta do indivíduo, que não coloca si mesmo nem suas necessidades como prioridade. Pesquisa publicada em 2017 pela Shopper Experience revela que rapidez e praticidade no consumo são os principais fatores na escolha da refeição de 74% dos brasileiros, que deixam a qualidade nutricional ou preço em segundo plano. Em nossos carrinhos, pães e industrializados ocupam as primeiras posições na quantidade. O fato de o pão francês, fonte apenas de carboidratos simples, ser responsável por 7,2% dos gastos com comida dos brasileiros reflete a falta de comprometimento com o valor nutricional da mesma. É inegável, no entanto, que industrializados são mais baratos que os produtos naturais. Um pé de alface, por exemplo, custa um real e vinte centavos a mais que um pacote de bolachas. Essa diferença, contudo, é justificada pela oferta e procura. Como a procura por doces é muito maior que a por frutas, a indústria é estimulada a produzir os primeiros. Caso o interesse por uma alimentação saudável se torne mais forte, é inegável que o número de produtores dessa classe de alimentos irá aumentar e, como consequência da competição, os preços irão abaixar. Desse modo, é possível concluir que nossos hábitos alimentares não são baseados na análise racional e na importância da alimentação para o corpo, e sim no prazer e praticidade. Como se trata de um problema cultural, a chave da mudança é o nível mais básico: educação. Assim, a implementação de aulas de qualidade alimentar na grade curricular, em que os males e benefícios dos alimentos sejam destacados, é um passo crucial na formação de cidadãos mais saudáveis e conscientes.