Título da redação:

O prato tupiniquim

Tema de redação: O desafio da alimentação saudável: luxo para poucos ou hábito acessível?

Redação enviada em 20/03/2017

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda comer sete ou mais porções de frutas e legumes diariamente para manter uma alimentação saudável e prevenir doenças. Esta proposta, entretanto, nem sempre consegue ser seguida pela maioria da população, sobretudo no que se refere ao Brasil. Isso porque, apesar dos avanços econômicos e sociais, ainda hoje, muitos brasileiros não conseguem adquirir itens essenciais da cesta básica. A escolha do alimento, portanto, perpassa por questões que vão além do que é considerado saudável. A renda do brasileiro e a produção interna, por exemplo, são fatores decisivos sobre o comportamento dietético. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) a agricultura familiar produz 70% dos alimentos consumidos em todo o país e mesmo recebendo incentivos públicos, essa categoria sofre com imprevistos ambientais, como a estiagem e consequente queda na produção. Este fato se traduz na flutuação dos preços dos hortifrutis, ora acessíveis a muitos, ora acessível a poucos. Em associação, a indústria de produtos alimentícios vêm investindo em alternativas baratas que fazem frente aos alimentos in natura. A adição de vitaminas e minerais aos mesmos associado a um marketing desleal desvia a atenção do público, dando-lhes, muitas vezes, a preferência. Nesse sentido, os alimentos mais açucarados e gordurosos ganham destaque e desviam os índices, antes ligados a desnutrição para a obesidade atual, sobretudo nas classes mais pobres. Nessa perspectiva, não é apenas o conhecimento sobre hábitos saudáveis que influi nas escolhas do indivíduo, existem outras variáveis, ainda mais complexas, que englobam questões econômicas, sociais e culturais, tornando o consumo diário de alimentos mais saudáveis no Brasil um luxo para poucos. Multifatores influenciam na composição do "prato tupiniquim", entretanto a renda se destaca como fator determinante no consumo de uma alimentação saudável. Nesse sentido, o Governo Federal pode criar subsídios para o pequeno produtor de forma a minimizar os efeitos da estiagem, bem como implementar isenção de impostos sobre os hortifrutis durante os períodos de alta dos preços. Em associação, inaugurar restaurantes populares em localidades mais carentes para o acesso desses grupos em risco nutricional. Essas medidas em conjunto com práticas educacionais nas escolas podem reduzir os índices de morbidades no futuro promovendo qualidade de vida aos cidadães.