Ao longo da história humana, vários momentos podem ser caracterizados pela alimentação da população e, atualmente, o contexto social também é refletido por esse aspecto. Desde a globalização, o mundo tem voltado suas atenções para a necessidade de se alimentar bem, entretanto a sociedade tem enfrentado dificuldades para aplicar esse hábito de maneira homogênea na população. Com isso, os problemas para o consumo de alimentos saudáveis edifica um panorama complexo que impede a harmonia social, por intermédio tanto da cultura intrínseca à mentalidade da população quanto do custo financeiro que acompanha esse hábito, que se torna inacessível para a maior parte da sociedade. Inicialmente, vale ressaltar que a preferência por alimentos industrializados àqueles mais benéficos à saúde é um aspecto cultural. Segundo o filósofo Jean Jacques Rousseau, o homem é bom por natureza, mas a sociedade o corrompe e, de maneira análoga, é possível observar que o indivíduo nasce livre de preceitos, mas a partir do momento em que inicia o convívio social entra em contato com determinações sociais. Nessa lógica, uma criança recebe constantes influências que a induzem a preferir a comida industrializada por ser mais "gostosa" e os pais se sentem com o dever de agradar os filhos, o que inicia um processo de educação alimentar não saudável desde a infância. Assim, as dificuldades em aplicar a alimentação saudável na vida da população estão diretamente ligadas a um processo cultural. Outrossim, torna-se evidente que o hábito da alimentação correta exige investimentos financeiros que estão fora do alcance da maioria da população. De acordo com o sociólogo Karl Marx, a infraestrutura, ou seja, as condições oferecidas pelo sistema, influencia diretamente na superestrutura, que consiste no comportamento social e, nessa linha de raciocínio, o contexto que permeia o comércio de alimentos é um dos responsáveis pelo comportamento da população. Com essa analogia é possível notar que a decisão de cada cidadão por consumir alimentos industrializados e não saudáveis se relaciona com o alto custo da opção mais saudável, que só está ao alcance de uma minoria abastada dos cidadãos. Logo, a falta de aplicação da alimentação saudável na atualidade se relaciona com a lógica de mercado aplicada sobre esses produtos, que os torna um privilégio para poucos. Nesse sentido, faz-se necessária a ação conjunta de vários setores sociais na luta pela prática da alimentação saudável como um hábito pela população. Cabe às escolas, em união à comunidade, o papel de promover palestras, teatros e projetos que visem atrair o interesse dos infantes para os alimentos saudáveis, para que uma geração mais consciente seja formada. É preciso também, que o Estado atue, taxando o preço de alguns produtos, de modo a garantir a acessibilidade e a preferência da população pelos alimentos saudáveis para que a opção por alimentos industrializados se torne exceção. Com essas medidas, um grande passo será dado em direção à conquista da alimentação saudável para a população.