Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: O conflituoso consumo de drogas lícitas e ilícitas no Brasil

Redação enviada em 30/07/2017

Superlotação carcerária e violência generalizada em estados como o Rio de Janeiro – dois sintomas negativos que permeiam a sociedade brasileira e, embora pareça imperceptível em primeira análise, podem derivar de um mesmo fator comum: a criminalização do consumo de drogas no país. Esses males contemporâneos que afetam o Brasil, no entanto, podem ser solucionados através de uma ação conjunta entre população e órgãos estatais. Não é novidade que o sistema carcerário brasileiro enfrenta problemas sérios de administração, principalmente no que tange ao massivo número de detentos. Nos tempos atuais, passou a ser comum que cadeias passem a abrigar números de presos que excedem suas capacidades. Grande parte desse infeliz fenômeno pode ser atribuída à interpretação das autoridades brasileiras a respeito da diferenciação entre o porte e o tráfico de drogas ilícitas. O inevitável resultado das ações policiais é a grande ocupação das penitenciárias do país com presos temporários, que, embora sejam liberados em um espaço curto de tempo, contribuem para a precarização do setor prisional. Em São Paulo, no ano de 2011, os detidos por tráfico de drogas corresponderam a 29% do total de presos, de acordo com a Infopen. Quadros análogos a esse configuram a atual crise humanitária que se estabelece nas penitenciárias espalhadas pelo território nacional. Some-se a isso o fato de a criminalização das drogas moldar – mesmo que indiretamente – redes de comércio ilícitas, como as que ocorrem em favelas no Rio de Janeiro e em tantos outros pontos do país. Essa relação entre a criminalização e o tráfico ilegal se estabelece pelo simples motivo de as organizações criminosas surgirem como pontos de vendas unilaterais desse tipo de substância, uma vez que o adicto não pode recorrer a outras instituições para suprir suas necessidades. O inevitável resultado desse panorama é o fortalecimento financeiro dessas organizações, gerando recursos suficientes para a aquisição de equipamentos bélicos considerados pesados, usados para confrontar policiais e colocar em risco a vida social de áreas próximas. O estado do Rio de Janeiro, no qual mais de 80 pessoas morreram vítimas de balas perdidas desde o início do ano, se tornou o símbolo do nível insuportável atingido pela violência relativa ao tráfico de drogas no Brasil. A caótica situação, no entanto, pode ser revertida a partir de ações conjuntas entre o Estado e a população. Para tanto, o ponto central seria a descriminalização do consumo de drogas, em quantidades consideradas lícitas, com a regularização estatal mercadológica de pontos de fabricação e venda de substâncias dessa natureza, visando o sufocamento econômico de organizações criminosas. Ademais, seria necessário o estabelecimento, em longo prazo, de uma base educacional e moral para a sociedade brasileira, a fim de reduzir o número de dependentes químicos das gerações futuras. Nesse sentido, a conscientização de crianças e adolescentes nas escolas públicas a respeito dos malefícios ocasionados pelo uso de drogas é indispensável, seja através da realização de palestras educativas, com a distribuição de cartilhas instrutivas, ou com a inclusão de matérias que tratem do assunto nas grades horárias obrigatórias dos alunos da rede pública de ensino. Somente a partir de ações como essas é que o Brasil poderá se tornar um expoente no tratamento de drogas lícitas ou ilícitas, deixando o exemplo para as demais nações.