Consoante o conceito genérico de droga, esta é toda substância que provoca alterações físicas ou psicológicas. Exemplos desses entorpecentes são medicamentos, bebidas alcóolicas e derivados de plantas alucinógenas. Nesse ínterim, observa-se no Brasil um conflito entre as drogas consideradas lícitas e as ilícitas. Isso porque, algumas drogas cujo consumo é proibido no país são utilizadas como tratamentos terapêuticos em diversos países e deveriam ser liberadas para o consumo de determinados indivíduos. Em primeiro plano, nota-se a relação paradoxal entre o consumo de drogas lícitas e ilícitas no país. Isso se deve ao fato de que, conforme dados do IBGE, há quatro vezes mais mortes de indivíduos envolvendo a utilização de drogas liberadas, como bebidas alcóolicas em detrimento de mortes causadas por consumo de substâncias ilegais. Tal realidade demonstra que, no Brasil, apenas proibir o consumo de substâncias alucinógenas e viciantes não soluciona todos os problemas que envolvem a questão. Nesse contexto, é importante inferir as consequências de ambas as substâncias. Dentre as consequências das drogas lícitas, estão o vício, a embriaguez e os consequentes acidentes de trânsito, e o consumo exacerbado. Por outro lado, dentre as consequências das drogas ilícitas estão o vício, alucinações, perda de consciência e, principalmente, morte por overdose. Nesse viés, vale inferir que, embora são inúmeros os malefícios das substâncias atualmente consideradas ilícitas, algumas são importantes no tratamento de doenças. Por exemplo, informou-se pelo noticiário Fantástico, da Rede Globo, que famílias estão passando por processos judiciários a fim de permitir seu consumo pessoal da planta popularmente conhecida como maconha. E tal uso seria para melhorar as condições de vida de pessoas da família com autismo ou outra doença cuja característica é afetar o psicológico. Segundo pesquisas da Academia Nacional de Ciência Engenharia e Medicina, nos Estados Unidos, inúmeros são os benefícios comprovados quanto aos efeitos de tal planta. Desse modo, nota-se a necessidade do Estado brasileiro em observar de forma mais abrangente os efeitos de algumas drogas e avaliar formas de permitir que indivíduos que necessitam possam ter acesso a tais entorpecentes. Portanto, observa-se que, apesar dos graves efeitos das drogas ilícitas, algumas podem causar benefícios a indivíduos e ser essenciais no tratamento de patologias. Dessa forma, faz-se importante que o Ministério da Saúde, juntamente com a Anvisa, promova estudos relacionados aos efeitos das drogas ilícitas, com o fito de observar as consequências desses narcóticos, tanto as negativas quanto as positivas. Doutro modo, faz-se necessário que o Poder Judiciário crie emendas constitucionais que permitam, de forma específica e cuidadosa, o consumo de entorpecentes para famílias que porventura necessitam de tais substâncias, fato que seria comprovado por laudos de médicos especializados. Assim sendo, o conflito gerado pelo debate entre drogas lícitas e ilícitas será minimizado.