O uso de entorpecentes está presente na humanidade desde um passado remoto, como nas sociedades andinas antigas que faziam o uso da folha da coca. Todavia, as drogas se globalizaram e viraram uma pandemia. Esse fenômeno alcançou o Brasil que é marcado por um conflito entre drogas lícitas e ilícitas. Tal cenário, por sua vez, é oriundo de uma débil legislação acerca do uso de substâncias lícitas e do embate entre vários setores da sociedade a respeito das drogas ilícitas. Karl Marx, em sua obra O Capital, afirma que o capitalismo se vale da fetichização do produto para alcançar um número grande de consumidores. Dentro do contexto nacional contemporâneo, essa ideia está bem presente, haja vista que a industria de bebidas alcoólicas e farmacêutica se valem de uma frouxa legislação para usar figuras femininas erotizadas, carros de luxo, promessas de saúde perfeita, ausência de ansiedade e outras figuras de desejo humano para induzir crianças, adultos e adolescentes ao consumo do álcool e remédios controlados de forma indiscriminada. Esse fato, por conseguinte, contribui para o aumento do número de dependentes alcoólicos e de remédios, a exemplo de ansiolíticos e antidepressivos, que já ultrapassa os 20 milhões no país, segundo a OMS. Somado a isso, o uso de drogas ilícitas no Brasil enfrenta um dilema, uma vez que há uma polarização da sociedade. Tal fato se deve ao grande impacto negativo que o uso de substâncias, como o crack e a cocaína causam direta e indiretamente na saúde e nos lares de cerca de 30 milhões de brasileiros, de acordo com a Universidade Federal de São Paulo. Em acréscimo, o tráfico de drogas é a principal fonte de receitas do crime organizado, tendo em vista dados do Ministério da Justiça. Em contrapartida, o Brasil tende a seguir um modelo liberal de regulação de entorpecentes como fizeram Portugal e Uruguai que legalizaram o uso da maconha tendo em vista seu uso medicinal e recreativo. A polarização da sociedade brasileira e uma fiscalização deficiente não podem continuar a fomentar o uso de drogas na nação. Dessa forma, é necessário melhorar a regulamentação das drogas lícitas mediante a ação conjunta do Ministério da Saúde e Congresso Nacional que irão aprovar leis que proíbam o uso de celebridades em peças publicitárias e restrinjam as propagandas às madrugadas e aumentem as penas para médicos, farmácias e hospitais que distribuam remédios controlados sem a devida fiscalização a fim de limitar o poder de persuasão das propagandas e diminuir as estatísticas de automedicação. Ademais, deve-se distribuir melhor a renda no Brasil por intermédio do Poder Executivo Federal aliado ao Ministério da Educação a partir da criação de um programa educacional nacional nas comunidades carentes com o objetivo de oferecer lazer, reforço escolar e cursos profissionalizantes para inserir a população desfavorecida no mercado de trabalho e reduzir a atração que o mundo das drogas e do tráfico exercem sobre a população carente, diminuindo a massa de dependentes químicos no país.