Título da redação:

O veneno e o remédio

Tema de redação: O conflituoso consumo de drogas lícitas e ilícitas no Brasil

Redação enviada em 30/08/2017

Em um contexto como o que o Brasil se encontra, somos diariamente bombardeados pelos jornais sobre o uso de drogas e suas consequências. Consequentemente, debates acerca desse tema cada vez mais ganham protagonismo, principalmente dialogando com a questâo da descriminalização de certas drogas no país. Todavia, além desta proposta não ser um solucão viável, a excessiva discussão sobre esse assunto, mascara outro lado da utilização de substâncias na nação : os perigos da automedicação. Embora muitos defendam a autorização para o porte de drogas, como a maconha, há de se ressaltar as implicações negativas desse ideal. Se por um lado, se tem o discurso de que haveria uma redução significativa do tráfico, por outro o próprio diretor nacional da polícia uruguaia - local que aderiu a descriminalização - apontou para um aumento considerável do comércio ilegal da erva, o que descarta rapidamente o primeiro argumento . Ademais, precisa ser considerado a irresponsabilidade e o despreparo da população brasileira para lidar com essa liberalização, pois se somente com o álcool já nos deparamos com taxas assustadoras de consumo, no qual 2 de cada 10 usuários apresentam algum tipo de dependência, é inadmissível acreditarmos que haveria redução do uso da maconha com o consentimento governamenta sobre seu porte. Por fim, deve-se analisar o quadro de automedicação presente no Brasil. Seja pela influência da mídia televiva - através de propagandas que literalmente banalizam a adminstração de fármacos - , ou pelo rebuscamento excessivo da linguagem das bulas dos remédios - que restringe sua ampla compreensão a uma pequena parcela da sociedade - , a maioria da população ignora suas implicações, levando à 80% dos cidadãos brasileiros, segundo o ICTQ, a adotarem essa prática. Por conseguinte, situações como a mistura de remédios e a intoxicação com seu uso, se tornam cenas frequentes em nosso cotidiano, o que não somente revela a alienação popular frente à essas circunstâncias , como também serve de explicação para o número crescente de mortos decorrentes dessa conjuntura. Em suma, está claro a inefetividade da descriminalização de determinadas drogas e os riscos da automedicação. Para reverter a primeira situação, o Estado poderia buscar a realização de mais projetos semelhantes ao Proerd, que buscam levar aos jovens alunos um discurso simplificado e didático sobre a necessidade de rejeitar as drogas. Porém, ao invés de focar nos mais novos, poderia ter como público alvo os estudantes do ensino médio, permitindo um diálogo incisivo, com a demonstração de depoimentos e dados acerca desse tema. Dessa forma, a compra de entorpecentes seria desistimulada, desaquecendo o mercado do tráfico. Já para o segundo elemento, o legislativo, assim como fez para o tabaco e o álcool, deveria criar uma lei que proibísse a circulação excessiva de comerciais sobre remédios. Além disso, juntamente com essa proposta, o Executivo deveria pressionar as empresas de medicamentos para a feitura de bulas menos complexas e mais diretas. Assim, além de haver menor estímulo para a administração desnecessária de fármacos, a população estaria melhor capacitada para compreender os efeitos de cada medicamento.