Título da redação:

A imagem das drogas

Tema de redação: O conflituoso consumo de drogas lícitas e ilícitas no Brasil

Redação enviada em 27/07/2017

Há diferença entre ser usuário e ser dependente. No primeiro, a pessoa tem controle do que manipula, enquanto no segundo, o indivíduo não consegue lidar de maneira saudável com a droga, seja por uso indiscriminado ou predisposição genética. De modo geral, droga é a substância que, ao entrar em contato com um organismo, altera o funcionamento metabólico. Ela está presente na história da humanidade - mais de 6000 a. C, segundo registros arqueológicos - por razões sociais, medicinais e religiosos. Porém, o problema delas está relacionado aos estereótipos das lícita e ilícita: aquela sendo incentivada como provedora de diversão, enquanto esta é criminalizada, o que gera tabu em torno da discussão do tema, exclusão dos dependentes químicos e crescimento da violência. Sobre as substâncias lícitas, as propagandas de bebidas alcoólicas são transmitidas pela televisão em horários nos quais crianças são público. Além disso, jovens convivem com pessoas usuárias do etanol e boa parte tem acesso a ele antes de completar 18 anos - de acordo com a Fiocruz, em 2005, 54,3% dos jovens de 12 a 17 anos já consumiram álcool. Todavia, essas substâncias depreciam o metabolismo e diminuem a atividade de importantes órgãos, como o fígado. Não obstante, a depressão e, principalmente, a violência, com foco no trânsito e no âmbito doméstico, são significativas consequências. No entanto, por ser uma droga aceita culturalmente, seus prejuízos são ignorados em especial por jovens, que veem na bebida uma forma de melhorar a socialização. Em relação às drogas ilícitas, o médico Dráuzio Varella acompanhou a mudança súbita na preferência por crack entre os presos na Casa de Detenção de SP, em 1992, graças ao fato dele ser mais barato - sendo usado especialmente pelos mais pobres-, fácil de produzir e de se traficar. Segundo a Unifesp, há dois milhões de viciados de crack e a maior parte está nas "cracolândias", zonas em que os dependentes químicos vivem em abandono e miséria, dado que são excluídos pela sociedade e pela família. Ademais, por viciar o organismo e reduzir o apetite, a droga é usada para acabar com a fome, o que gera mortes por subnutrição, além de overdoses e homicídios por dívidas a traficantes. A descriminalização envolve de medidas que visam cuidar dos viciados, oferecendo condições para se reabilitarem, e de análises sobre como acabar com o tráfico. Portanto, essa é a melhor medida para diminuir o problema envolvendo drogas ilícitas, e deverá ser feita pelo poder Legislativo, visto que a guerra às drogas, em voga há anos no Brasil, não obteve outro resultado senão aumento na violência. Como efeito, as instituições públicas e privadas, aliadas às Universidades e ao Ministério da Saúde, precisam realizar pesquisas sobre tratamentos adequados a cada tipo de dependência e promover campanhas educativas em escolas, com palestras de profissionais da medicina. Esse projeto deve incluir depoimentos de viciados para transmissão em todas as mídias e que servirá como meio de conscientização do interlocutor, sobre os resultados do uso para a saúde e para a sociedade. Somente quando as drogas não tiverem sua imagem cultural alterada, o Brasil passará a ter menos problemas envolvendo o seu uso.