O século XVII marca o início da colonização efetiva do Brasil. À época, expandir domínios territoriais, muito mais que um forma de reafirmar o poderio monárquico e militar de um país, era um meio de garantir sua sobrevivência econômica em um cenário mercantilista. Consequências negativas desse processo, contudo, perduraram na colônia até sua emancipação e contribuíram para a formação de um país , séculos mais tarde, ainda marcado pela exclusão social. A escravidão, sem dúvida, se configura como a maior das mazelas sociais herdadas desse período. Apesar de, há tempos, já abolida legalmente, ela permanece fazendo parte do contexto nacional graças, primeiramente, à falta da presença efetiva do Estado nas zonas rurais. A partir da década de 1980, com a chamada Revolução Verde, novas técnicas de agricultura - como o uso de transgênicos - passaram a ser exploradas. Esses meios, entretanto, foram lançados no mercado a altos custos, o que permitiu o favorecimento de latifundiários em detrimento da agricultura familiar. Com a competitividade reduzida e , muitas vezes, endividados, pequenos produtores passaram a ser submeter a condições degradantes de trabalho em troca de reduzidos, ou nenhum, salário. Além disso, a zona urbana também convive com tal realidade. Um forte exemplo é decorrente da proliferação das lojas de "fast fashion" , nas quais a quantidade de produtos e os baixos preços se sobrepõem à qualidade e à sustentabilidade de sua produção. Graças a isso, um bom número de indivíduos é submetido a exaustivas jornadas de trabalho em desacordo com a Legislação. O grande nome de mercado das marcas para qual trabalham, entretanto, atua como meio de encobrir essas atividades. Nota-se, então, a necessidade de atuação do governo na concessão de incentivos fiscais a pequenos produtores rurais a fim de inseri-los no mercado, além do incentivo à formação de cooperativas entre eles para aumentar sua competitividade. Também é vital que haja maior fiscalização da cadeia produtiva de grandes lojas e um estímulo à denúncia de condições precárias de trabalho.