Considerar que em dias atuais o Brasil ainda apresente situações de trabalho escravo é constatar que ainda há muito que evoluir no que diz respeito à cidadania e inclusão social. É fundamental que haja uma regulamentação clara sobre os direitos do trabalhador, que seja capaz de protegê-lo de todas as formas de abuso. É importante pontuar o reflexo do trabalho escravo no Brasil sobre a tentativa de se construir um país integrador. Este tipo de mão de obra compromete o IDH, uma vez que, em condições subumanas de trabalho, estes cidadãos ficam com acesso restrito a educação e condições básicas de vida digna. Um quadro que se perpetua, pois em famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica, frequentemente crianças e jovens precisam trabalhar para contribuir com o orçamento doméstico, ficando à margem de uma educação de qualidade. Também é preciso levar em conta que a falta de fiscalização por parte dos órgãos competentes exerce papel importante no problema. As organizações comerciais negligenciam a legislação trabalhista em virtude exclusivamente de ideais financeiros. A teoria da mais-valia do filósofo Karl Marx, que indica que a indústria lucra não só sobre o produto, mas também sobre a força de trabalho que é desvalorizada, deixa claro o caráter histórico da exploração do trabalhador como um dos alicerces do capitalismo. Analisando o problema a partir desta ótica, pode-se constatar que é imprescindível garantir que as leis que protegem o trabalhador sejam objetivas e seu cumprimento certificado. Para atenuar o quadro do trabalho escravo no Brasil, é importante que o governo atue investindo em programas sociais que ofereçam amparo às famílias e reduzam a vulnerabilidade das populações mais pobres e em educação básica de qualidade e ensino profissionalizante acessível a todas as camadas sociais, para que os cidadãos possam se capacitar para integrarem o mercado de trabalho. Desta forma é possível evitar que estas pessoas precisem se submeter a relações de trabalho abusivas.