Cem anos após a abolição da escravatura e o Brasil ainda vive situações análogas àquelas enfrentadas entre os séculos XV e XVIII. São resquícios das relações casa grande – senzala intensificadas pela desigualdade social. Deve-se construir um conceito de escravidão adequado aos dias atuais e combater essa grave violação dos direitos humanos. Traçando um paralelo entre a escravidão colonial e a contemporânea, podem-se encontrar semelhanças. Os navios negreiros que atravessavam o mar carregados de negros africanos deram lugar aos caminhões conhecidos como pau-de-arara que deslocam-se das zona mais miseráveis do país ocupados por homens e mulheres com pouca perspectiva de futura e escolaridade, ludibriados por promessas de bons salários ou sanamento de suas dívidas até as fronteiras agrícolas, onde são submetidos a condições ignóbeis de trabalhos. A prática é estimulada pelo baixíssimo custo. No Brasil Colônia os escravos eram vendidos por fortunas e tinha manutenção dispendiosa. Hoje os escravos são contratados e mantidos sem custos a seus patrões ou pagos com valores pífios. Essa relação trabalhista no Brasil já é considerada crime, mas seu conceito deve ser mais esclarecido e abrangente. Todo trabalho forçado, com carga horária excessiva, maus tratos ou salário muito inferior ao mínimo deve ser considerado escravo e suscetível a punições severas, como confisco de propriedades dos escravocratas. Desta forma, fica evidente a situação preocupante enfrentada pelo Brasil. O congresso deve elaborar leis que classifiquem tralho escravista como crime hediondo, proposta válida já que a escravidão é um atentado contra a vida. Desta forma o estado, junto ao ministério do trabalho, teria mais condições de combater e punir o crime. Faz-se importante a criação de projetos de proteção às pessoas das zonas mais pobres do país com implantação e incentivo financeiro da agricultura familiar. Por fim, o envolvimento popular para com a questão deve ser alcançado a partir dos meios midiáticos com campanhas que incentivem denúncias relativas ao problema e informem sobre os direitos do trabalhador.