Título da redação:

Escravidão e Holocausto: mesmo peso, duas medidas

Tema de redação: O conceito de trabalho escravo em discussão no Brasil

Redação enviada em 20/08/2016

O trabalho escravo no Brasil constitui-se em uma política que foi a última a ser abolida na América, em 1888, e que mesmo assim, hodiernamente, perdura pela sociedade. Este fato é preocupante, pois representa que o indivíduo não reconhece que a escravidão foi um gargalo e uma vergonha para a população. Nesse contexto, é preciso que políticas públicas interfiram nos atos retrógrados de escravidão no país, uma vez que esses atos deveriam estar no humilhante passado colonizador, portanto, é fundamental falar do trabalho escravo contemporâneo, principalmente, na zona rural, trazendo uma problemática. Sabidamente, ou deve-se saber, a escravidão de índios e negros africanos teve seu ápice no Período Colonial, e foi o momento da História mais degradante e danificador de muitas culturas. Esse acontecimento poderia ser comparado com o Holocausto na Alemanha, mas, diferente do fato que foram vários corpos dizimados, a cultura alemã trata o momento histórico como a vergonha do país, e engradece a historicidade desse passado com museus que não deixam esquecer a vergonhosa Alemanha de Hitler. Em contrapartida, o povo brasileiro, em grande parte, aparenta querer abolir a escravidão das suas mentes e da história, mas não deixam de ter a mesma ótica retrógrada escravocrata. Paralelamente, a definição do trabalho escravo atual precisa ser esclarecida para a população que, em sua maioria, não tem conhecimento. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, mais de 47 mil escravos foram libertos desde 1995. Os números são ainda agravantes quando entre 2003 e 2014 foram libertos 29% de escravos na pecuária, local de maior incidência de trabalho escravo no Brasil. A escravidão por dívida é a principal causa dessa política antepassada – o trabalhador rural se encontra em um ciclo de dívidas com o proprietário da terra e trabalha de graça em condições desumanas. Dessa forma, apesar dos números de libertos serem altos, não há políticas ressocializadoras ao trabalhador liberto, sendo assim, não se interrompe a reincidência desse tipo de exploração. Diante dos argumentos supracitados, é primordial que o país engaje na luta contra o trabalho escravo contemporâneo, ela representa resquícios dos males dos séculos passados. Para tanto, é substancial que o Ministério da Cultura crie projetos de construção de museus que retratem a vergonhosa escravidão indígena e africana – apresentando a cultura enriquecedora de cada um – para que a sociedade sempre lembre o passado vergonhoso e reconheça a cultura de cada um. Cabe, também, a mídia, trazer como pauta recorrente a escravidão na zona rural para que a população tenha conhecimento, bem como, o Ministério da Agricultura e do Trabalho e Emprego viabilize a situação de pobreza do trabalhador liberto para que deem continuidade aos seus planos de trabalho democrático, seja na zona rural ou urbana.