Escravidão é uma palavra bastante comum e até, incorporada na estrutura da sociedade brasileira. O maior dos motivos, sem dúvida, é o fato de o Brasil ter sido o último país ocidental a abolir oficialmente esta prática. A escravidão negra foi proibida há apenas 127 anos, e mesmo assim, ainda persiste nos dias atuais camuflada em suas características contemporâneas. Corriqueiro até o século XIX era encontrar escravos acorrentados por cidades e lavouras, no entanto, os escravos contemporâneos são praticamente invisíveis. A própria definição “trabalho análogo” abre margem à contestações. O Brasil tem ainda hoje, a agricultura (e o agronegócio) como uma de suas mais importantes bases econômicas, e é no campo que está a maior parte dos trabalhadores escravos, sobretudo homens, submetidos por dividas, exploração por produtividade ou simplesmente por desconhecerem seus direitos básicos trabalhistas e/ou de cidadão. O trabalho escravo atual, ocorre também em grandes cidades, por exemplo, com os imigrantes ilegais explorados em confecções fabris. Conceituar escravidão relacionando-a somente à algo forçado ou obrigatório é demasiado simplista diante da complexidade do problema. Sendo assim, condições degradantes e jornadas exaustivas devem sim serem mantidas como uma das caracterizações de trabalho escravo, o qual precisa ser amplamente debatido, pela sociedade como um todo e, principalmente combatido, por leis e maiores fiscalizações. O Brasil tem condições e obrigação de dar este exemplo.