Ocorreu em 1888 o fim da escravidão legal no Brasil, esta não aconteceu pela participação direta da maioria da sociedade. A inviabilidade econômica desse sistema foi o fator preponderante para legitimar seu fim. Dessa falta de participação popular e, paradoxalmente, da busca desenfreada pelo lucro advém a manutenção dos sistemas análogos à escravidão. O conceito de escravo no imaginário popular é o "tradicional", ou seja, é o do ser humano literalmente acorrentado, isolado em uma senzala, tomado como propriedade oficial por outra pessoa. Tal visão acaba por escamotear e distanciar o povo das situações semelhantes à escravidão. Diante disso, muitos trabalhadores permanecem sofrendo com a exploração. Como, por exemplo, é o caso dos imigrantes, os quais fogem de seus países em busca de uma vida melhor. Segundo Renato Bignami, coordenador do Programa de Erradicação do Trabalho Escravo da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, vários estrangeiros já foram resgatados em oficinas de costura ilegais, terceirizadas por confecções contratadas por marcas conhecidas, como Zara e Emme. Estas companhias fazem parte da nova dinâmica mundial, em que várias empresas deslocam suas produções para países emergentes, em busca de mão-de-obra mais barata. É imprescindível, portanto, que o governo continue a combater tal exploração. Uma das ações mais eficientes, além do aumento do número de fiscais em todo o território nacional e do aumento da atuação das Forças Armadas nas fronteiras - a fim de combater o tráfico de migrantes - é investir em campanhas publicitárias em todos os meios de comunicação. As quais devem informar o que caracteriza o trabalho escravo e quais os meios para denunciá-lo. A partir disso, a sociedade poderá tornar-se atenta às situações ao seu redor para denunciar em casos de constatação de abusos.