Título da redação:

A nova face da escravidão

Tema de redação: O conceito de trabalho escravo em discussão no Brasil

Redação enviada em 22/02/2016

Desde a chegada das caravelas portuguesas no território brasileiro, a escravidão se mostrou presente, primeiro com a indígena, depois com a negra. Ambas as explorações humanas foram legalizadas e aceitas como normais naquela época. Contudo, com a Lei Áurea, documento que abolia a escravidão no século XIX, teoricamente tal prática chegava ao fim, porém ainda no século XXI a escravidão aparece como assunto atual, só que com outra face, oculta e perigosa. No Período pré-colonial, os índios, os quais eram chamados de “escravos da terra”, já eram utilizados para a extração do pau-brasil. Apenas com a chegada dos jesuítas que a escravidão e a venda de indígenas diminuíram, todavia não acabaram. Para suprir a necessidade de mão-de-obra para trabalhar nas lavouras açucareiras, nos engenhos e posteriormente nos cafezais, foi inserido o escravo negro, o qual era tido como propriedade do senhor de engenho e dos barões do café. Isso se estendeu da Colônia ao Império. Quando se fala de escravidão, portanto, frequentemente se pensa na africana e no Brasil Colônia. Essa ideia ajuda mascarar o que hoje denomina-se de trabalho ou situação análoga à escravidão, cujo parâmetro não é mais a cor. Visto isso, percebe-se que o escravo não está presente, necessariamente, apenas em uma sociedade escravocrata, como a dos séculos XVIII ao XIX, mas que a miséria e as deficiências fundiárias, sociais e educacionais possibilitam que essa realidade ainda perdure no Brasil. A presença de latifúndios no Brasil tem como origem as Capitanias Hereditárias, pelas quais donatários recebiam terras e poderes. Essa divisão, que ocorreu séculos atrás, ainda afeta a sociedade brasileira, reflexo disso é o dado assustador de que 44% dos trabalhadores em situação escrava estarem no campo. Sendo necessário salientar que a causa de tais números é a escassez de terras para produzirem e sobreviverem e de educação básica. A “falta” de terras também causa o êxodo rural, facilitando assim a exploração, só que com a face urbana – obras, confecções, etc. -, do trabalho escravo dessas pessoas. A execução adequada da Reforma Agrária, principalmente no Norte, Nordeste e Centro-oeste, portanto, é fundamental, com apoio financeiro, profissional e técnico para as famílias assentadas e o desenvolvimento de infraestrutura adequada nessas localidades, como escolas, hospitais, água e saneamento básico. Além disso, a fiscalização e o cumprimento mais rígido das leis já existentes são extremamente importantes para acabar com a escravidão moderna.