O poema "No meio do caminho", do escritor modernista Carlos Drummond de Andrade, revela, de forma metafórica, a existência de obstáculos no percurso da vida humana. De maneira análoga, o bullying tornou-se uma pedra no meio do caminho da sociedade moderna, haja vista que impede a efetivação do pleno bem-estar social. Assim, é preciso analisar como a negligência da escola e a omissão da família contribuem para a persistência desse grave problema na agremiação brasileira. Em primeiro plano, é indubitável que a negligência da escola para com o combate ao bullying esteja entre as causas do transtorno. Na perspectiva da filosofia contratualista, o Estado foi criado para assegurar o direito dos homens e proporcionar relações harmônicas. Entretanto, essa realidade torna-se mais reversa, considerando-se que a maioria dos casos de bullying ocorrem em ambientes escolares, pois inúmeros alunos são motivo de piadas por usarem óculos, terem orelha grande, ou, não dominarem a prática de algum esporte, etc. Lamentavelmente, por sua vez, a escola não toma as medidas necessárias e isso acaba gerando consequências gravíssimas. Nesse sentido, é válido destacar o seriado americano "13 Reasons Why", no qual uma adolescente chamada Hannah sofre bullying e não recebe o apoio da escola, ocasionando por fim em suicídio. Em segundo lugar, destaca-se a omissão da família como impulsionadora do bullying . Isso porque, hodiernamente, vive-se a chamada "modernidade líquida", defendida por Bauman, que consiste nas relações efêmeras. Desse modo as famílias não dispõem de tempo e, consequentemente, os pais acabam não percebendo alterações no comportamento de seus filhos, algo que foi evidenciado pelo massacre de Suzano que ocorreu, recentemente, no qual dois jovens arquitetaram a tragédia por um ano sem levantarem suspeitas e colocaram em prática, totalizando na morte de 8 pessoas e por fim cometeram suicídio, tendo como motivação o bullying sofrido no tempo de escola. Mediante as dificuldades enfrentadas com a negligência da escola e a omissão da família, medidas são necessárias para a erradicação da adversidade. Portanto, é imprescindível que o Ministério da Educação promova em todas as escolas e universidades brasileiras, debates sobre o bullying, por meio de simpósios e palestras, com a participação de mestres e doutores da área, uma vez que esses projetos auxiliam na formação do indivíduo e fazem com que as famílias estejam mais atentas às alterações de comportamento, a fim de atenuar a questão do bullying no Brasil e impedir que ocorra casos como o massacre de Suzano.