Na Idade Média, crianças foram enviadas às cruzadas, fundamentando-se na crença da pureza como fator para solucionar um conflito. Nesse sentido, a ausência do Estado, quanto ao combate da exploração sexual infantil, se baseia na ideia de que a ingenuidade da infância é um eficiente limitante a esta prática. Além do mais, a escassez de informações e debates contribuem para que esta realidade se perpetue. A ineficiência do Estado, quanto a coibição da exploração sexual a crianças, é representada pela inexistente aplicação da lei no âmbito nacional, estadual e municipal. Em face disso, cabe ressaltar uma pesquisa do Instituto Liberta, o qual afirma que o número de condenações relacionadas à exploração sexual infantil, não está de acordo com a totalidade de denúncias relatadas. Destarte, é notório que a lei, presente somente no papel, propicia a impunidade a esta prática. Outrossim, o “machismo” predominante no âmbito judiciário, bem como no parlamento, proporciona “barreiras” à tentativa de mitificar este contexto, representado na impunidade de criminosos, concomitante inserção da culpa na vítima. À vista disso, tem-se como exemplo a desconsideração de uma acusação de abuso sexual a menor, por parte de um juiz de Minas Gerais, em razão da vítima de 8 anos já ter se relacionado sexualmente. Com isso, mediante a descontextualização dos três poderes, se tratando da proteção à infância, é compreensível a descrença numa esperança no futuro. Diante dos fatos mencionados, é evidente a inevitabilidade de mudanças para que se modifique esta realidade de impunidade. Para isso, cabe ao Governo Federal, a partir do plenário, a implantação de medidas que determinem a adaptação de delegacias, em âmbito nacional, se tratando de aspectos relacionados à recepção da denúncia da vítima, como exemplo, o acompanhamento psicológico e preparo de funcionários. Como também, a utilização de mídia televisiva a fim de informar e sensibilizar sobre o tema, mediante a discussão dessa em séries e novelas. Deste modo, tem-se a possibilidade de mitificar este cenário e, logo, possibilitar o desfrutar da infância.