Casimiro de Abreu, poeta da segunda fase romântica, em seu poema do século XIX denominado “Meus oito anos”, descreveu a saudade positiva das vivências de sua infância. Em dicotomia, as crianças que são exploradas sexualmente não podem desfrutar do mesmo saudosismo. Nessa conjuntura, permeia uma problemática alarmante na sociedade brasileira do século XXI, haja vista a o falho papel de algumas famílias, bem como a ausência de conhecimento comungam para inserção de tal óbice. Em primeira instância, a família deveria ser o porto seguro das crianças, visto que é resguardado por lei. No entanto, o que ocorre na população de classe baixa, sobretudo, é a dissolução do seio familiar, uma vez que faltam com a saúde, educação e afeto. Nesse espectro, os infantes encontram-se na condição de negligência enquadrada na lei do “Menino Bernardo”. De fato, segundo o ECA, em 2014, mais da metade das denúncias ao disque 100 relatavam negligência. Por conseguinte, ao configurar esses atos acarreta a vulnerabilidade infantil, já que não têm proteção dos pais, e subsequentemente passe livre para uma futura exploração sexual. Ademais, as crianças não são educadas ao ponto de reconhecerem e possivelmente se defenderem. Sob esse viés, pouco se fala nos âmbitos escolares e domésticos acerca dessas questões, pois como são vítimas da desigualdade social e adaptadas à injustiça das veias deterministas, sequer percebem esse ciclo. Nessa conjuntura, Martin Luther King, ativista americano, afirmou: “a injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo lugar”. Dessa maneira, fica nítida a influência do meio em que vivem no consenso de justiça, visto que sem aprenderem a compreender a realidade pouco farão para muda-la. Sendo assim, diversos círculos sociais devem se movimentar para a manutenção deste estigma. Então, é imperioso, portanto, que o Ministério da Defesa Social, por intermédio de visitas constantes as casas de famílias baixa renda realizadas pelo Conselho Tutelar, reduza o índice de crianças que sofram de negligência e consequentemente a exploração sexual, com o fito de garantir a proteção citada na constituição. Acresce ainda mencionar, a necessidade de a sociedade denunciar a exploração, por meio do Disque 100 ao Conselho Tutelar, para auxiliar tal combate. Por fim, cabe ao MEC inserir nas escolas a discussão sobre o assunto, mediante a inclusão de matérias e oficinas que retratem a realidade dessas crianças, assim como , aulas que ensinem a proteção, no intuito de formar jovens ativos na justiça dos infantes. Talvez dessa maneira essas crianças tenham memórias como as de Casimiro.