A composição de Chico Buarque, Partido Alto, relatava a difícil situação do país desde a época da ditadura. De ironia mascarada, a música narra a realidade de quem, na barriga da miséria, nasceu brasileiro, e espera pela única solução viável na visão do compositor - intervenção divina -, uma vez que o governo se mostra desinteressado em resolver os problemas do Brasil. Na verdade, a empregabilidade. com consequente melhora da qualidade de vida da população, é uma questão de gerência. Essa música é uma prova atemporal de que, independente do regime político vivenciado no Brasil, a vida dos brasileiros nunca foi fácil. Ascender socialmente, salvo exceções, requer conhecimento, direito assegurado por lei que vem sendo negligenciado: as instituições de educação pública são de péssima qualidade, e face a crise que o país enfrenta no momento, uma das primeiras áreas a sofrer cortes orçamentais foi a educação. O descompasso entre o aumento da População Economicamente Ativa (PEA) e a geração de emprego é típico de países pobres e emergentes, pois os índices de crescimento econômico são pequenos diante da demanda por postos de trabalho. A taxa de desemprego em países como o Brasil, que receberam o processo de globalização sem muito planejamento, é significativo por conta de fatores como a modernização e a automação fabril, a fusão de empresas e privatizações. Aliado a isso, a crise econômica atual causou demissões em massa, gerando uma explosão no setor informal. Mesmo pessoas com graduação não encontram vagas em sua área de formação e acabam por atuar na informalidade. É fundamental que os governantes trabalhem para reaquecer a economia mirando-se em nações ricas, que movimentam as suas para serem fortes e dinâmicas, possibilitando constante crescimento e geração de empregos. A importância do investimento educacional, da inserção de recursos tecnológicos e do incentivo à realização de pós-graduação e cursos de reciclagem é inquestionável: pessoas com conhecimento enriquecem a economia, pois sabem onde, como e quando aplicar seu dinheiro. O povo precisa cobrar dos governantes, seja nas urnas, nas ruas ou nas mídias, por uma gerência eficaz, que possibilite construir um Estado com horizontes promissores, e acabar definitivamente com o cenário caótico no mercado de trabalho brasileiro.