Título da redação:

Brasil: avanço, descompasso e empreendedorismo no mercado de trabalho

Tema de redação: O cenário do mercado de trabalho no Brasil

Redação enviada em 01/03/2016

A implantação do meio técnico-científico-informacional, ao modificar relações de trabalho e processos de produção, acirrou desigualdades internacionais e regionais, ao mesmo tempo em que criou oportunidades em lugares antes sem ou com baixas perspectivas. Num esforço de facilitar a adequação à nova realidade econômica, o estado brasileiro tem estimulado a ampliação do acesso à qualificação profissional, sendo possível identificar mudanças positivas no perfil do mercado de trabalho. Porém, mesmo assim, empregadores ainda deixam de contratar, alegando menor nível de formação que o desejado dos candidatos. Entre os avanços na constituição da força de trabalho, têm aumentado tanto o número de trabalhadores formalizados de nível técnico quanto o de ingressantes e egressos do ensino superior cuja origem são as minorias étnicas ou as classes de baixa renda. Tais resultados foram alcançados com programas federais de fomento ao ensino técnico (Pronatec) e superior (Prouni e FIES), bem como por conta do aumento de vagas e cursos em universidades e institutos tecnológicos federais. Por outro lado, em 2015, foram dispensados pelo menos 710 mil empregados com baixa qualificação, enquanto foram abertos não mais que 117 mil postos para pessoas com ao menos o ensino médio concluído. Esse descompasso, somado a uma sobra de vagas na área de tecnologia por falta de candidatos com as exigências mínimas para ocupação, leva a crer que há ainda o que se considerar quanto à formação, ao acesso à educação e às compensações oferecidas pelos empregadores, pois a seletividade da mão de obra em relação às empresas pode ter aumentado. Nesse contexto, apesar dos avanços sociais, o Brasil permanece, portanto, com seu potencial de desenvolvimento econômico através da ocupação laboral limitado. Por isso, e também porque o governo não pode se responsabilizar sozinho pela formação profissional ajustada a cada exigência do mercado, os próprios empregadores, de maneira empreendedora, poderiam investir na qualificação de funcionários que já fazem parte do quadro da empresa, em vez de demití-los. Afinal, normalmente, bons empregados sabem reconhecer bons patrões.