Título da redação:

Tráfico de animais: negligência e objetificação

Tema de redação: O cenário desafiador do tráfico de animais silvestres no Brasil

Redação enviada em 25/04/2017

Nota-se, no contexto brasileiro, a maior biodiversidade de flora e fauna do planeta, elemento fundamental para o equilíbrio ambiental. No entanto, essa abundância de espécies se encontra ameaçada pelo tráfico de animais silvestres. Vale ressaltar que essa problemática existe desde o período colonial, no século XVI, com a exploração em grande escala do pau-brasil pelos portugueses para comercialização da árvore na Europa no afã de obterem lucros. Dessa forma, a persistência desse cenário é devido à negligência estatal e à objetificação dos bichos selvagens. No tocante à negligência estatal, isso decorre da preocupação com a integridade da variedade biológica nacional ser recente em relação ao início da exploração. A partir daí, pode ser identificado o desmatamento da Mata Atlântica, na qual, só obteve proteção estatal eficiente após a redução do ecossistema a menos de 15% de sua extensão original, consoante dados veiculados pelo G1. Esse fator é agravante, posto que para a conservação das espécies são necessários ambiente favorável à manutenção vital delas e fiscalização eficiente contra o tráfico. Outro fator relacionado é a coisificação dos bichos, uma vez que a sociedade enxerga os animais como bens, mercadoria e até mesmo como modo de entretenimento. À vista disso, não há somente a comercialização e mantimento em jaulas mas também exposição das espécies para um público consumidor. Sendo assim, isso legitima a apropriação mercantil da fauna brasileira, ademais elucida a causa de extinção de várias categorias. Haja vista o crescimento em 75% do número de grupos do Reino Animal ameaçados de extinção entre 2003 e 2014, segundo o IBGE. Em consequência disso, a teia ecológica se degrada com a retirada das espécimes do seu habitat, dado que há a interligação dos seres animais na cadeia alimentar. Desse modo, nas palavras do biólogo Richard Rasmussen, a remoção de determinados indivíduos para o tráfico implica na dificuldade de reprodução de outros, à medida que possuem funções próprias na natureza, como polinização das plantas, dispersão de sementes e várias outras funcionalidades. Contudo, a natureza e o homem estão em conflito, porém precisam viver em harmonia. Para isso, necessitam-se de ações conjuntas entre o Estado, ONGs e a sociedade brasileira. Portanto, caberá ao Estado intensificar a fiscalização ambiental por meio da criação de delegacias ambientais, a fim de assegurar a proteção ecológica, às ONGs disseminar campanhas para conscientização da população sobre o problema e à sociedade não comerciar as espécimes. Assim sendo, fará sentido o Código Florestal preconizado na Constituição Federal de 1988.