O cenário desafiador do tráfico de animais silvestres é um assunto muito pertinente para a sociedade brasileira. Isso deve ser enfrentado, uma vez que o tráfico de qualquer espécie afeta diretamente a diversidade biológica. Nesse sentido, dois aspectos fazem-se relevantes: a indiferença cultural como uma ameaça à biodiversidade e a falta de fiscalização efetiva. Enraizada na história da sociedade brasileira, a falta de consciência e a exploração na natureza começou na época da colonização, no qual os índios participaram domesticando espécies unicamente para uso doméstico. Diante disso, o hábito de manter animais silvestres em residências particulares é muito arraigado, embora a prática seja considerada crime ambiental. No entanto, devido ao exacerbante comércio ilegal de animais silvestres, esse hábito aparentemente inocente acaba sendo responsável por sustentar uma das maiores ameaças à biodiversidade brasileira. Esses animais, deixarão de cumprir suas funções ecológicas como reprodutores, presas, predadores, entre outros, causando um desequilíbrio ecológico. Segundo o RENCTAS (Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre), o Brasil sofre com a falta efetiva da fiscalização. Isso contribui para que o tráfico de animais seja o terceiro mais lucrativo do mundo, ficando atrás somente do contrabando de drogas e armas. O país contribui com 15% de todo negócio, sendo responsável pela movimentação de quase 900 milhões de reais. Como a fiscalização não é permanente, traficantes são presos em flagrante várias vezes com diversos animais, no entanto, pagam fiança e respondem processo em liberdade. Portanto, a existência do tráfico de animais silvestres evidencia a necessidade de se acompanhar a rota do tráfico de animais com o intuito de melhorar os instrumentos operacionais, para que se possa desenvolver uma fiscalização mais eficaz no combate ao tráfico de animais silvestres. Diante dos argumentos supracitados é dever do Estado intensificar a fiscalização por vias da criação de delegacias ambientais a fim de assegurar a proteção ecológica. É necessário que a sociedade juntamente com a escola, invista em uma forte iniciativa educacional, no sentido de desestimular a compra de animais oriundos do comércio ilegal e a criação dos mesmos em residências sem a devida autorização de um órgão público. Some-se a isso investimentos em educação, valorizando e capacitando os professores, no intuito de formar cidadãos mais conscientes em garantir o bem-estar da sociedade como um todo.