No livro "O princípio responsabilidade", o filósofo alemão Hans Jonas mostra que a ética contemporânea deve estar baseada no compromisso da preservação da vida, tendo em vista as gerações futuras. O quadro brasileiro, entretanto, no que tange ao tráfico de animais silvestres contraria essa visão, tornando necessária a análise de suas causas e implicações. Inicialmente, deve-se entender por que o Brasil é alvo da problemática. Em uma década, de 2004 a 2014, conforme reportagem do jornal "Bom Dia Brasil", foram movimentados 7 bilhões de reais oriundo desse crime ambiental no país. Tal situação é um absurdo social e explica-se não só pela biodiversidade nacional, com grande número de espécies endêmicas, como também pela ineficiência do Estado, uma vez que a legislação atual, a Lei de Crimes Ambientais, ainda apresenta-se de forma muito generalizada e prevê penas brandas. Ademais, também é importante ver o tráfico da fauna a partir da perspectiva de seus efeitos. Em termos de ecologia, sabe-se que todos os seres vivos, inclusive o homem, estão interligados por complexas teias, de modo que a retirada de uma única espécie de seu habitat pode provocar um grave desequilíbrio biológico. Nesse sentido, o próprio IBAMA indica que a prática contribui para a extinção de animais. Logo, é inadmissível que um problema suscetível a tamanhas proporções seja ignorado pela população e pelos governantes. Medidas, portanto, são fundamentais para mitigar o impasse. Haja vista o pensamento de Hans Jonas de que o futuro não pode ficar refém de atos irresponsáveis, o Legislativo, por meio da votação de um projeto de lei, deve fazer alterações na legislação atual de crimes ambientais. As modificações devem incluir a tipificação do tráfico de animais silvestres bem como o aumento da pena, a fim de garantir que o Brasil tenha os instrumentos necessários para combater realidades cruéis contra a vida.