No período do século XX, em virtude da globalização e das novas modalidades de comércio, suscita-se o movimento em defesa da preservação da biodiversidade. Deste modo, na atual conjuntura, surge a questão do tráfico de animais silvestres no Brasil, que deve ser analisado sobre duas óticas imprescritíveis para que se observe os desafios que corroboram com essa problemática. Em primeiro plano, é necessário ressaltar que a desigualdade social esteja entre os fatores potencializadores dessa temática. Pode-se pontuar, inicialmente, a concepção de Bauman, a qual evidencia que a modernidade líquida é a forma de vida da sociedade capitalista que proporciona a volatilidade de consumo a todas às esferas sociais. Seguindo esta vertente, no intuito de adentrar essa dinâmica, os agrupamentos ribeirinhos, assim como os caçadores, haja vista a elevada rentabilidade da comercialização desta variedade de animais, tendem a praticar a captura indiscriminada desses seres. Nesse sentido, a perpetuação dessa ação propicia, por conseguinte, a redução da biodiversidade do local onde é extraído essa biota, bem como fragiliza esse ecossistema, uma vez que amplia o efeito cascata das teias alimentares in loco. Em segunda perspectiva, destaca-se a influência deste tráfico sob as clínicas veterinárias de recolhimento, dos animais apreendidos nesse comércio ,como impugnadora do retorno dessas espécies ao seu habitat natural. Segundo Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja estabelecido na sociedade. Seguindo esta ótica, essa harmonia não é alcançada devido às altas taxa de animais extraviados nessas unidades de tratamento, que por seu turno muitas vezes se tornam reféns desse mercado. Desta maneira, a ausência de segurança, do mesmo modo que a falta de uma fiscalização rigorosa sobre essas instituições funcionam com um dispositivo de negligenciação do combate a esse crime. Entende-se, portanto, que esta questão é fruto da extensa discrepância da renda per capita no país, que por sua vez intensifica o número de participantes nesse comércio. A fim de atenuar essa realidade o Ministério Público pode realizar, por meio de suas instâncias competentes, a ampliação das fiscalizações nos espaços de recuperação dos animais resgatados do tráfico. Assim, será possível almejar a redução desse mercado ilegal no país. Para endossar esse objetivo, o Ministério da Educação pode auxiliar, por intermédio de suas secretarias, com a elaboração de cartilhas informacionais a respeito da importância da manutenção da fauna e flora nacional e das condutas ilícitas praticadas nesse meio, visando a maximização do engajamento social sobre esta problemática, tal como a alavancagem das denúncias que abrangem esta temática, e disseminá-las nas escolas. Dessarte, em médio prazo, será concebível gozar de uma sociedade austera e consciente acerca da conservação das variedades biológicas brasileiras.