Do alto, o majestoso cobertor esverdeado já recobriu extensas áreas do território nacional, abrigando uma gama de exemplares de nossa rica e diversificada fauna e flora. Entretanto, as copas das árvores acobertam a atuação de traficantes que, se beneficiando do ardil ou da ingenuidade das populações nativas, promovem um dos maiores holocaustos ambientais já assistidos pela humanidade. Patrocinados por colecionadores gananciosos ou por laboratórios internacionais, os biopiratas contrabandeiam espécies, rejeitando as consequências que acometerão o local de origem. Disfarçados como turistas, estes aliciadores são capazes de adquirir vistos e documentações fraudulentas para convencer aos interessados de que realizam uma atividade lícita. Aproveitando-se do conhecimento dos locais, estabelecem parcerias criminosas, fechando o elo da rede de tráfico. A falta de uma legislação específica para o contrabando de espécies silvestre e de uma fiscalização eficaz os mantém na impunidade. Do outro lado do Atlântico, encontram-se os financiadores do “projeto” que, na maioria das vezes, figuram colecionadores de animais exóticos ou indústrias interessadas no potencial genético que a nossa biodiversidade pode oferecer. Transportados em caixotes improvisados, ou até mesmo canos de PVC, os animais são submetidos a maus tratos, morrendo mesmo antes de chegar ao destino final. A retirada destes animais do habitat natural promove além de prejuízos econômicos, o desequilíbrio na cadeia alimentar, o envelhecimento da população erradicando os espécimes jovens e até mesmo levando a extinção. Entretanto, nenhum comércio sobrevive sem freguês, é necessário que haja uma mobilização mundial para o combate de todas as vertentes deste negócio. No âmbito nacional, cobra-se do Estado uma maior fiscalização das zonas periféricas brasileiras, que interligam os portos. Além da elaboração de um código de leis específico para este e demais crimes ambientais, cujos infratores se beneficiam da impunidade em nosso país. Por outro lado, devem-se consolidar estereótipos de traficantes entre os nativos, promovendo campanhas de conscientização, alertando acerca do perigo existente em estabelecer relações com os suspeitos. O combate ao tráfico de animais no Brasil depende de uma ação coletiva.