Título da redação:

Animal racional e seus atos irracionais

Tema de redação: O cenário desafiador do tráfico de animais silvestres no Brasil

Redação enviada em 21/01/2016

A noção enraizada do homem como animal racional, rebaixando todos os outros ao posto deplorável de irracional, é o conceito que fundamenta a superioridade humana garantindo-lhe o direito de tratar a natureza da forma como imagina. Apesar do título confiável, os problemas ambientais que se fazem presente no Brasil questionam a inteligência do homo sapiens diante dos bens-naturais. É o caso do tráfico de animais silvestres, que devido à alienação das dimensões deste problema e ao interesse econômico de partes predatórias, faz-se cada vez mais ativo no cenário nacional. Em primeiro lugar, como as consequências do tráfico de animais não atingem o futuro imediato, o debate a cerca da validade de medidas que amenizam o mercado ilegal tende a ser adiado até que a ameaça seja iminente. Ameaça esta pois o transporte de um animal envolve a incapacibilidade de perpetuação da espécie pelo isolamento territorial, além de desequilibrar a cadeia alimentar do ambiente original. Tais situações acarretam na extinção de espécies, desfecho que carrega uma densa bagagem de anos para ser atingido. Porém esta condição é comum na contemporaneidade, como é o caso do rinoceronte branco que após décadas de caça se resume a 3 rinocerontes infertéis, segundo dados da revista Super Interessante. Seria este o destino da fauna brasileira tão cobiçada no mercado internacional ? Em segunda estância, o fato de que esse mercado movimenta atrações turísticas globais, como os zoológicos, torna a demanda crescente algo difícil de ignorar. Estima-se que uma arara-azul seja avaliada em torno de 60 000 dólares, com mercado consumidor na Europa e Estados Unidos. Nada se contesta a cerca da objetificação de seres vivos, mesmo depois da parente extinção do tráfico humano, os animais silvestres continuam distante da conquista de suas liberdades. É incabível não citar, entretanto, que as explorações de animais no âmbito científico contribuem para a saúde e bem-estar da espécie humana. Exemplo disto é o soro antiofídico, extraído de cobras com anticorpos para combater o veneno. Produtos como creme de cabelo e perfumes constituem outro setor famoso por testes em animais, embora sejam um luxo que a sociedade parece incapaz de abrir mão. Em síntese, pela cultura de " deixar para amanhã o que pode ser feito hoje " e a exigência humana no conforto, do zôo ao condicionador, a inibição do tráfico de animais silvestres torna-se desafiadora. Faz-se necessário um sistema mais rigoroso de fiscalização em aeroportos, seguindo o exemplo estado unidense de cães farejadores preparados para identificar seres vivos em bagagens. Mais essencial ainda é a compreensão humana de valor para toda forma de vida, ideal longíquo, tendo em vista que o humano é predador não somente de animais, como dele próprio.