A relação entre o homem e o animal possui uma faceta histórica ligada aos primórdios da colonização no Brasil. Com a premissa de que o ser considerado irracional seria submisso ao racional, o tráfico de animais tornou-se uma obsessão para aqueles que enxergavam nestes a possibilidade de angariar capital. O que se observa neste contexto, no entanto, é que este animalicídio é causado através do pensamento obsoleto de que o animal é um ser desprovido de alma. Na Antiguidade, filósofos como Aristóteles disseminaram a ideia da superioridade dos humanos sobre os animais, tornando-os meros seres criados para a satisfação humana. Este pensamento não só gerou, ao passar dos séculos, atos de crueldade como também propiciou uma condição devastadora na história da sociedade: o egocentrismo. Dessa forma, o uso de animais para fins lucrativos, tais como o tráfico, a caça e a experimentação biomédica tornou-se um círculo vicioso: quanto mais animais utilizados e vendidos como objetos, maior é a quantidade de capital angariado e, quanto mais capital, maior é a satisfação e o egoísmo humano. Este cenário egocêntrico foi intensificado com o fim da Guerra Fria no século XX, visto que a necessidade e o desejo humano de ser superior não só se atribuiu sobre os animais, mas também sobre a própria raça humana. Assim, o tráfico de animais silvestres tornou-se um “mercado potencial” no mundo, inclusive no Brasil, país com fauna riquíssima e legislação escassa. Com o crescimento deste ato ilícito, o respeito aos animais tornou-se utopia e a busca pelo poder do homem causou – e ainda causa – um animalicídio com números exorbitantes. Diante de tais fatos, é necessário que haja uma intervenção severa sobre o tráfico de animais silvestres. A obsolescência do pensamento humano fez com que as gerações se desenvolvessem com uma cegueira em relação aos animais. Esta cegueira, no entanto, só pode ser combatida com um único colírio: a informação. Quanto mais ONGs de proteção animal promoverem campanhas institucionais na mídia através de redes sociais e comerciais em parceria com o Governo Federal, maior será a abrangência nacional sobre o assunto. Os brasileiros só desenvolverão um pensamento crítico quando os animais finalmente forem libertados deste holocausto chamado tráfico.