Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: O cenário de redemocratização em construção no Brasil

Redação enviada em 31/10/2016

A Guerra Fria, caracterizada pela bipolaridade mundial – capitalismo e socialismo –, desencadeou, durante a segunda metade do século XX, conflitos ideológicos que, no Brasil, resultaram na intervenção militar (1964 a 1985) e, por conseguinte, no regresso quanto aos direitos humanos e políticos da população. Assim, desde o fim do período ditatorial, o país vem sofrendo um processo gradual de redemocratização, com avanços significativos alicerçados na Constituição Nacional de 1988 – retorno do pluripartidarismo, ratificação do voto compulsório e igualdade jurídica para todos os cidadãos. O “jeitinho brasileiro” enraizado na cultura nacional, comumente manifestado na esfera pública – suborno, corrupção e abrandamento de fiscalização e punição – interfere na plenitude da democracia do país, visto que relações privadas estendem-se ao poder público, por intermédio de favores e ações impróprias que corrompem o sistema. Nesse contexto, consoante Sergio Buarque de Holanda, sociólogo e historiador carioca, na incumbência de democratização brasileira faz-se necessária a separação das relações públicas e privadas, bem como a mudança de postura de “homem cordial” do cidadão que visa em detrimento da intimidade, obter influências e vantagens de órgãos estatais. Ademais, resquícios do período colonial contribuem para a perpetuação de preconceitos e segregação racial, já que, de acordo com o Índice de Gini (ferramenta utilizada para mensuração da desigualdade social) o Brasil apresenta grande concentração fundiária e monetária, as quais culminam em um retrocesso igualitário, dirimindo as especificações fundamentais para a construção de uma democracia plena. Desse modo, em virtude da gigantesca disparidade socioeconômica entre as classes sociais, o sufrágio, por exemplo, vem sendo facilmente manipulado por figuras políticas, financiadas por grandes empresárias, atitude essa que resulta em domínio do eleitorado, de maneira análoga ao ocorrido na República Oligárquica com o voto de cabresto. “Um galo sozinho não tece a manhã / ele precisará sempre de outros galos”. Imerso nesse âmbito, assim como nos versos de João Cabral, para que a redemocratização do Brasil seja efetivada, fazem-se necessárias medidas tanto do Estado quanto de órgãos privados. Destarte, é de incumbência do poder público, realizar fiscalizações periódicas referentes às ações do corpo representativo e da realização do sufrágio, visando o cumprimento das medidas conforme as normativas constitucionais. Outrossim, deve desenvolver diretrizes para diminuir as disparidades socioeconômicas, por meio de uma reforma fundiária com os latifúndios privados não produtivos e com o aprimoramento de políticas assistencialistas. Por fim, é de encargo das corporações midiáticas, em conjunto com o Ministério da Educação e as instituições de ensino, a instrução do copo civil quando aos direitos e deveres do indivíduo na sociedade, com minicursos sobre a constituição nacional e campanhas publicitárias de incentivo a participação em debatas e assembleias.