Manifestações de 2013: Interesse do povo? Segundo Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, a falta de solidez nas relações sociais, políticas e econômicas é característica da modernidade líquida vivida no século XX. A corrupção é reflexo dessa realidade, a qual fere a lógica moral construída em épocas anteriores, tornando-se um ato motivador de discórdia. Assim como a onda de protestos, iniciada em março de 2013, foi o desfecho do novo termômetro da insatisfação popular com o sistema político em vigor, cujo estopim foi o aumento das passagens de ônibus em vinte centavos. Nesse “período de extremos”, as ruas tornaram-se protagonistas da política brasileira mais do que haviam sido até então, contudo, depois delas, a população pareceu ter entrado em transe hipnótico, e transparece inexpressiva, até agora. É válido apontar, antes de tudo, o peso histórico das jornadas de março, equivalente ao de outros grandes movimentos nacionais, dentre as quais as Diretas Já e os Caras Pintadas. Esse processo “revolucionário”, ainda em andamento, trouxe à tona o poder da mobilização social, o uso das redes sociais, trazendo participação popular ao processo político brasileiro, e, o seu maior saldo particular, a emergência de uma impressionante força política potencial. Muito embora tratem-se de reivindicações populares justas, é notório o aspecto político-partidário que nelas se seguiu. O clamor do povo fomentou ainda mais os extremos, se instaurando uma polarização partidária na população, de forma que se evidencia, uníssona em forma de gritos em protesto, cada vez mais o descontentamento com as condições do país, atualmente imerso em crise. Logo, essas manifestações populares tiveram, também, um papel importante no posicionamento popular a respeito do governo em execução, não só de interesse social, mas também político. Em vista do que foi mencionado, ficam claros, portanto, dois aspectos principais nesse movimento, o impacto das mobilizações sociais e os interesses advindos por trás desta. Para isso, faz-se necessário o engajamento da mídia para informar de maneira imparcial o que acontece no cenário político e econômico do país. O governo, por sua vez, deve abrir em discussão uma futura mudança nas políticas públicas, de forma transparente para atender às reivindicações da população. Por fim, o movimento precisa manter um objetivo claro a fim de tornar possíveis as mudanças na construção de uma sociedade mais fiel aos princípios da constituição.