Segundo Friedrich Nietzsche, filósofo alemão do século XIX, há uma essência que permeia todas as esferas da sociedade: a vontade de poder. Tal conceito se refere ao fato de que os seres possuem necessidade de se fazerem potência e realizarem o que desejam. Entretanto, tal máxima tem sido subjugada com relação aos casos de interrupção da gestação de mulheres brasileiras, visto que a vontade e a autonomia da mulher têm sido negligenciadas, já que o aborto, na maioria dos casos, é um ato ilegal no Brasil. Sob essa ótica, é necessário salientar que com a legalização da interrupção da gravidez de anencéfalos e em casos de estupro reduziu substancialmente o número de mortes de mulheres no parto, visto que essas não tiverem que se submeter a abortos clandestinos, minimizando os riscos de óbitos. Além disso, o feto faz parte do organismo materno e, portanto, a mulher deve ter garantida a autonomia sobre seu próprio corpo. Ainda, questões de ordem financeira, como escassez de recursos econômicos para fornecer condições dignas de vida à criança, bem como falhas de métodos contraceptivos, preservação da saúde física e mental da mãe etc. devem ser levadas em consideração e a decisão final deve ser atribuída à mulher grávida, preservando, assim, sua vida e sua vontade. Portanto, a fim de propiciar a autonomia da mulher em casos de interrupção da gestação, é necessário que o Governo repense a favor da legalização de mais casos referentes ao aborto, bem como é de suma importância que agentes sociais como as escolas, ONGs e o Ministério da Saúde invistam na conscientização dos indivíduos, visando a formação de mulheres e homens a par dos conhecimentos acerca da gravidez e consequente geração de vida, a fim de que a formação de uma família não seja consequência de um mero descuido, mas sim de uma decisão autônoma de ambos.