Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: O cenário da autonomia da mulher brasileira nos casos de interrupção da gestação.

Redação enviada em 25/10/2018

Na concepção do pensador prussiano Immanuel Kant, a razão é a função reguladora do sujeito do conhecimento. Ao considerar essa afirmação filosófica como ponto de partida para tecer argumentos sobre a questão do aborto, é importante compreender que, no Brasil. a busca pela universalidade Kantiana e pela igualdade de direitos é inclinada por adversidades e particularidades do corpo social.Nesse sentido, torna-se pontual não apenas analisar por que o aborto é uma questão que envolve elementos sociopolíticos, mas também analisar os efeitos sociais desse processo. Em uma primeira observação, percebe-se que o contexto de desigualdade institucionalizado no cenário brasileiro, advém de faltas de políticas públicas adequadas que deem visibilidade à população marginalizada. Nessa perspectiva, embora o Imperativo Kantiano aponte a razão como princípio regulador do bem comum, a questão do aborto reflete a insuficiência do Estado em promover a universalidade das ações humanas, uma vez que, no cenário brasileiro, a lei proíbe o aborto, no entanto, mulheres com maior poder aquisitivo conseguem alcançá-lo. Por essa razão, é imperativo questionar a lei atual contra o aborto, na medida em que ela não contribui para inibir a realização desse processo, e sim camuflar a sobreposição de poder de saúde e de ação no corpo social. Dessa forma, vê-se que a questão do aborto envolve conceitos de saúde pública, visto que existe a grande disparidade de classes femininas que morrem por essa causa. Outro ponto determinante, nessa discussãp, recai sobre o fato de que o aborto está sujeito à invisibilidade da sociedade e do Estado, uma vez que, por ser um tema extremamente polêmicona sociedade, insensibiliza-se com o grande número de mulheres que morrem todos os dias e com o enfrentamento da problemática. Nessa lógica, consolida-se o argumento do sociólogo Zygmunt Bauman, extraído da obra : " O mal estar da pós modernidade", uma vez que, conforme o pensador polonês, o indivíduo contemporâneo, condenado a cegueira moral, age na irracionalidade. Por conseguinte, entende-se que proibir a realização do aborto não impede que mulheres o façam, evidenciando, assim, a necessidade de construir caminhos, para que o índice de aborto e de mulheres mortas diminua. Todo esse contexto exige medidas conscientes. Por isso, é imprescindível que o Governo Federal estabeleça como meta considerar o tema do aborto como questão de saúde pública, realizando, a partir de uma prerrogativa do legislativo, a descriminalização desse, a fim de que se possa ter um maior controle de mulheres que morrem em condições clandestinas. Aliado a isso, torna-se fundamentalque o Ministério da saúde realize um projeto de assistência psicológica à mulher em situações propensas a abortar, por meio de médicos e clínicas especializadas que possam contribuir para a educação sexual dos indivíduos nas zonas marginalizadas, para que se possa reduzir o número de mulheres que queiram interromper a gravidez dentro da sociedade. Espera-se assim que, a regulação das ações seja, como defende Kant, pautada na razão, e possa determinar um caminho com relações sociais, de fato, humanizadas.