Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: O cenário da autonomia da mulher brasileira nos casos de interrupção da gestação.

Redação enviada em 26/02/2017

A legalização do aborto sempre foi um tema divisor de opiniões. No Brasil, essa discussão se tornou mais polêmica após o Conselho Federal de Medicina se posicionar, defendendo a legalização da prática até o terceiro mês de gestação. Os indivíduos contrários à legalização, presos às raízes religiosas e ao senso comum, se recusam a enxergar que essa medida está em discussão para solucionar um problema de saúde pública, e não para expressar crenças pessoais. Dados do jornal O Globo revelam que, no país, o aborto clandestino é a quinta maior causa de morte entre mulheres na idade fértil. Esse quadro preocupante poderia ser revertido com a legalização do aborto, uma vez que as mulheres passariam a ter a opção de abortar de forma segura, sem que isso significasse, na grande maioria das vezes, um risco de morte alarmante. Nesse sentido, é preciso entender que assegurar o direito de escolha do sexo feminino sobre o seu corpo, é uma forma de prover um dos direitos mais básicos que a Constituição garante, o direito à vida. Um dos maiores e mais fortes opositores à legalização do aborto, é a igreja. O discurso religioso se demonstra oposto, com base no direito à vida para indivíduos indefesos. Esse posicionamento é mais que falho, uma vez que não leva em consideração o direito à vida da mãe, que muitas vezes recorre a organizações clandestinas, que não oferecem segurança alguma, resultando em um alto risco de morte para a mulher. Além disso, o Estado Brasileiro é dito laico, portanto, opiniões de cunho religioso não deveriam interferir na decisão do Supremo Tribunal Federal. Somado à oposição católica, um outro obstáculo é parte população brasileira. A autonomia feminina sobre o seu próprio corpo é questionada, com base no argumento de que esta estaria sendo influenciada pelo meio e pelas condições nas quais se encontra. Isso acontece por que o senso comum generaliza o padrão de mulher que aborta como sendo jovem e sem condições financeiras, logo uma parcela excluída socialmente. Entretanto, uma pesquisa feita pela UnB e pela UERJ, universidades brasileiras, revela que a maior parcela de mulheres que abortam ganham de dois a cinco salários mínimos, além de se encontrarem na idade de trinta a trinta e quatro anos. Sendo assim, não são influenciadas por pensamentos adolescentes, nem ambientes desestruturados, logo, são perfeitamente capazes de decidir por si mesmas. Fica claro, portanto, que a legalização do aborto é uma medida extremamente necessária, sobretudo para a realidade brasileira. Para se alcançar um consenso que permita essa ação no país, é preciso mudar a visão brasileira sobre o assunto. Isso pode ser feito por meio do uso da mídia por movimentos feministas e pelo governo, a fim de esclarecer para a população a necessidade de mudar o panorama vigente. Ademais, o Ministério da Saúde deveria promover palestras com profissionais capacitados, abordando o tema em universidades e escolas, assim esclarecendo para o público contrário à medida, que o problema se trata da saúde e vida da mulher. Por fim, todas essas medidas devem ser realizadas de forma laica, para que a opinião seja separada das crenças religiosas.