Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: O cenário da autonomia da mulher brasileira nos casos de interrupção da gestação.

Redação enviada em 24/02/2016

Com o estabelecimento da legislação que permitia o aborto apenas em casos específicos (risco de morte da mãe, estupro e anencefalia), em 2012, o debate acerca de sua descriminalização foi silenciado. Porém, ao final de 2015, mudanças no cenário político e de saúde pública tornaram o prosseguimento da gestação mais indesejado para muitas mulheres, o que trouxe de volta o debate sobre a legalização do aborto. O projeto de lei do deputado Eduardo Cunha, que proibia o aborto em caso de estupro, exemplifica a defesa do direito de vida em potencial do embrião acima da decisão da mulher. Ideia esta compartilhada por grande parte da população brasileira, cuja mentalidade está fincada em valores patriarcais e religiosos. Por outro lado, muitas organizações e setores sociais defendem que apenas a grávida, que passa pelas dificuldades (financeiras e psicológicas) para manter um filho, tem o direito de decidir sobre seu próprio corpo. Além disso, atualmente com o crescente número de casos de bebês nascidos com microcefalia em mães afetadas pelo zika vírus, essas dificuldades se agravam: as condições da saúde pública se mostram ainda mais precárias para os cuidados com essas crianças, o que leva um maior número de mulheres a optarem pela interrupção da gestação e à luta pela permissão desses casos no STF. Muitas delas são de classe baixa, não têm acesso ao processo seguro em hospitais e ficam sujeitas ao risco de morte com medicamentos caseiros e procedimentos inadequados. Em contrapartida, países como o Uruguai, que tornou o aborto legal, zerou o número de morte por aborto, segundo o jornal Carta Capital. Desse modo, observa-se que o controle atual do Estado sobre a gravidez fere não só a qualidade de vida das mulheres e suas famílias, como também do exercício da cidadania no país. Faz-se necessário que o Estado melhore a rede pública de saúde e promova o acompanhamento psicológico das grávidas, para que menos casos de aborto sejam necessários. Assim como, as escolas devem incluir o ensino da educação sexual, em prol da prevenção e da formação de cidadãos mais conscientes.