Título da redação:

Questão de saúde pública.

Tema de redação: O cenário da autonomia da mulher brasileira nos casos de interrupção da gestação.

Redação enviada em 17/12/2015

Pra medicina, o que determina a morte de um individuo é a ausência de atividade cerebral. Logo, o que determinaria o inicio da vida, é o inicio da atividade cerebral. Que, é mais ou menos, a partir das 17 semanas, quando não tem sistema nervoso, mas breve poderá desenvolver. Com isso, pode-se perceber que antes das semanas estipuladas e permitidas pra ocorrer um aborto em outros países, o feto ainda não é uma vida. São somente células, um amontoado delas, e com essa lógica, então, a masturbação masculina deveria ser proibido, já que libera centenas de espermatozoides; e com isso – nessa visão – matam pequenas vidas. Mas não é assim. Um aborto não é um assassinato, é somente a interrupção do desenvolvimento de um feto. 1 milhão de abortos clandestinos ocorrem todos anos, e 260 mil complicações e internações por tal ato. As mulheres acabam, num ato de fragilidade e desespero, recorrendo a métodos extremamente perigosos e audaciosos na tentativa de tirarem aquele peso de células de dentro de seus corpos. Geralmente, são mulheres pobres, periféricas, sozinhas, e sem companheiros. Mulheres ricas abortam, e isso é fato. O problema maior da questão do aborto é esse: ele acontece, sempre acontecerá, e o que muda, aliás, é que algumas mulheres tem condições financeiras e maneiras de recorrer ao procedimento sem colocarem suas vidas em extremo perigo, enquanto mulheres pobres acabam em açougues, ou então, mortas. A prática insegura mata uma mulher a cada dois dias no país. Enquanto isso, o Estado que se diz laico, tira o direito e autonomia de milhares de mulheres de escolherem como e quando engravidar. As frases insensíveis quanto às vidas que são tiradas tentando retirar o feto, mostra o quanto o Brasil ainda vive em retrocesso, pois enquanto o Uruguai que teve sua legalização, mostrou que o índice de mortes de mulheres diminuiu, o Brasil ainda considera a legalização como assassinato. Além da ignorância e percepção, de acharem que por a mulher ser promiscua ou liberta sexualmente, ela merecia morrer por ter retirado o feto. O que mostra uma atitude punitiva para com essas mulheres, por quem realmente acha que o sexo é algo impuro, ou digno de punição. Mulheres, mães de família, negras, estão morrendo. Além do fato de que, não julgam os homens que engravidam ou o abandono que dão, e o descaso para com suas companheiras. A carga e o desespero acabam sendo, inteiramente, da mulher. Por isso, a ideia de legalizarem o método deve ser trazida à tona. Para que as mulheres possam decidir sobre seus úteros, terem sossego e paz de espirito, e anos de vida pela frente – até pra escolherem serem mães, ou não. As estatísticas mostram: os países que legalizaram, tiveram uma redução de abortos feitos, pois com a legalização, métodos preventivos, politicas de educação sexual e reprodutiva, implementaram também, um planejamento familiar, assim como serviços de atendimento de saúde sexual e reprodutiva. Não só pra mulheres mais velhas, como também atendendo a demanda de adolescentes curiosas sobre sua sexualidade, trazendo também um debate sobre a maternidade compulsória – desconstruindo o mito de que todas mulheres nasceram pra ser mães - e mostrando as vantagens e malefícios de uma gravidez (precoce ou não). Dando então, o direito de ir e vir. E de escolha. E assim, os países que ainda não aderiram a legalização, deveriam. Conscientização deve haver. Palestras em colégios mostrando o lado da libertação sexual precoce, implementação de mais medidas preventivas, como também um todo apoio familiar e comunicativo. Já com mulheres adultas, é a questão do planejamento familiar, e de consultas mensais em ginecologistas. O aborto é questão de saúde pública, ele deve ser legalizado para que haja uma redução de casos de mortalidade, e diminuindo a desigualdade social nesse âmbito, e livrando mulheres pobres e ricas de perderem suas vidas pelos riscos, e pelo conservadorismo do país.