Título da redação:

Autonomia e maternidade

Tema de redação: O cenário da autonomia da mulher brasileira nos casos de interrupção da gestação.

Redação enviada em 01/10/2016

O cenário da autonomia da mulher brasileira quanto a interrupção da gravidez é envolto em tabus e ambiguidade. Se por um lado o Estado é laico, por outro ele proíbe o aborto embasado em uma moral religiosa. As religiões cristãs acreditam que a partir do momento em que o óvulo é fecundado existe vida, desse modo o aborto é um assassinato, mesmo na fase inicial da gestação, e é por causa dessa crença que o Estado proíbe e criminaliza o aborto. Contudo, estudos indicam que até a 12ª semana de gestação o feto não tem o sistema nervoso completo, com isso, não apresenta consciência nem sentimentos, sendo, até esse momento, apenas um amontoado de células com potencial para ser um ser vivo. Independente do feto ser um ser vivo ou não, os abortos ocorrem. A criminalização deles leva as mulheres a recorrerem a métodos clandestinos e precários, o que coloca o aborto como a 5ª maior causa de mortalidade materna no Brasil. Deve-se compreender que se uma mulher se encontra gravida mas não se sente preparada psicologicamente e financeiramente para gerar um filho, fazer com que ela leve essa gravidez indesejada adiante é uma violação a sua autonomia, pois um filho muda o espaço social da mulher. Por exemplo, em 2011, apenas 36% das empresas pretendiam contratar um profissional com filhos e apenas 2% das mulheres que engravidaram na adolescência conseguiram terminar o ensino médio, desse modo, se a mulher não estiver preparada para enfrentar esses obstáculos que a maternidade impõe isso pode se tornar um fardo para ela e para a criança e leva-los à marginalização social. O Estado brasileiro, sendo um Estado laico, deve se despir da moral religiosa e focar no bem estar da população. Visto que um filho afeta o espaço social da mulher, a gravidez só deveria ser levada adiante se fosse desejada pela mulher. Assim, as mulheres deveriam exigir, por meio de abaixo- assinados, a descriminalização e legalização do aborto até a 12ª semana de gestação, para que tenham maior autonomia sobre seu espaço social.