Título da redação:

Aborto: O direito que o patriarcado tirou das mulheres

Tema de redação: O cenário da autonomia da mulher brasileira nos casos de interrupção da gestação.

Redação enviada em 29/04/2017

O nosso regime social de organização patriarcalista sempre segregou e subjugou mulheres, atribuindo seu poder de escolha a uma figura masculina. Se recorrermos à história, com a exceção de Esparta, veremos um modelo um tanto quanto uniforme em relação aos papéis de gênero. Esse modelo, que, infelizmente, vigora até hoje, mantém uma cultura machista, e, mesmo que tenhamos tido avanços importantes com a ascensão do feminismo e de nomes como Ada Lovelace e Simone de Beauvoir, não conseguimos dar às mulheres autonomia sobre o próprio corpo. Autonomia essa, que se mostra questão-chave na luta contra a cultura do estupro e no ativismo ‘pró-aborto’. A situação das mulheres brasileiras que optam pela interrupção da gravidez é muito delicada. Com a proibição de que o aborto seja realizado de forma segura e com sigilo médico, as mulheres do Brasil, majoritariamente, veem-se, muitas vezes num beco, do qual a única saída é o aborto clandestino. Procedimento que, na maioria das ocasiões, é realizado sem nenhum médico ou material apropriado, o que, predominantemente, resulta na morte dessas jovens e periféricas mulheres, que tem, de acordo com dados da UNB e da UERJ, em sua maior parte, de 25 a 34 anos e ganham de 1 a 5 salários mínimos. Pode-se afirmar então, que o cenário da mulher brasileira que está com uma gravidez indesejada, é um cenário de desespero, sem nenhuma autonomia, poder de escolha ou ajuda, afinal, nessa questão específica, o Estado omite-se e só se faz presente no momento da prisão dessas pessoas que realizam ou recebem o procedimento. A descriminalização, legalização e asseguração do aborto como direito da mulher de modo que possa ser realizado de forma segura, gratuita e sigilosa, faz-se necessária, uma vez que (evidentemente) a sua proibição não se mostra eficaz na proteção da vida, pois, mulheres morrem todos os dias tentando realizá-los sem o amparo de um médico ou da estrutura necessária. Cabe à professores, ao Ministério da Saúde e, à nós cidadãos, falar também, sobre outros assuntos que permeiam a temática do aborto o que é fundamental para o alcanço e a manutenção da autonomia feminina sobre o próprio corpo, afinal, a discussão é ferramenta primordial no quebramento de tabus e, consequentemente, conscientização populacional tanto sobre o método interruptivo, quanto sobre os preventivos, que, também são pouco mencionados.