Título da redação:

Novos Barões do Café

Tema de redação: O avanço do agronegócio e os reflexos no meio ambiente

Redação enviada em 24/09/2016

Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, do século XIX ao XX, houve um período no qual a cafeicultura representava grande parte do produto interno bruto nacional. Os barões do café, motivados pelo lucro, desmatavam florestas a fim de expandir suas terras, principalmente no Oeste Paulista. Analogamente, hoje, tais proprietários de terras mudaram de produto e de localização: o café perdeu espaço para a soja e a pecuária, e o Oeste Paulista foi ofuscado pelo Centro-Oeste brasileiro, contudo, o mecanismo de expansão é o mesmo. Protegidos pela falta de efetividade do setor público, em consonância com o baixo grau de instrução da população a respeito da reforma agrária, os latifundiários migram para regiões produtivas e as desmatam, sem se preocupar com a fauna e flora nativas. É notável que o grande contingente de migrações para a região Centro-Oeste tende a ter impactos nos ecossistemas locais. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que cerca de 10% das migrações interestaduais do Brasil são para o Mato Grosso. Tais migrantes são, em sua maioria, latifundiários que obtém terras através de recursos ilegais, como a grilagem - técnica na qual se forja um documento que atesta a propriedade de determinado lote. Esse cruel mecanismo aumenta a quantidade de terras dos latifundiários, em detrimento da vegetação nativa. Assim, faz-se necessário que o governo tome medidas salutares que visem diminuir tal prática. Outrossim, a dificuldade do governo de realizar reforma agrária reforça a prevalência desses latifundiários e da expansão da fronteira agrícola. É sabido que, desde os tempos de Vargas, tal reforma é discutida, porém, nenhum governante conseguiu pô-la em prática, em virtude da necessidade dessa ser aprovada pela Câmara dos Deputados e do Senado Federal. De acordo com o livro "A República", escrito por Platão, o Estado tem o dever de atender à população em suas necessidades, sejam elas simples ou complexas. De maneira análoga, é possível estabelecer um paralelo entre a teoria do filósofo e a situação brasileira atual, haja vista que, com a dificuldade de sancionar a realocação das terras, acabam-se criando problemas sociais. Logo, o governo precisa alertar a população quanto a necessidade de tal reforma, para que a sociedade possa pressionar o poder legislativo a aderir à causa. Infere-se, portanto, que o avanço do agronegócio causa reflexos negativos à população. A fim de atenuar a problemática, o Governo Federal deve, por meio da Polícia Federal, realizar operações a fim de reivindicar as terras tomadas por grileiros e punir, com base no Código Penal, os que cometem a prática. Além disso, o Ministério do Desenvolvimento Agrário deve ampliar os incentivos fiscais aos pequenos agricultores, para que esses possam competir com o latifundiário no mercado. Ademais, o Ministério da Educação deve trabalhar em conjunto com ONGs de cunho ambiental, como o Greenpeace Brasil, com o objetivo de realizar palestras em escolas e universidades a respeito da reforma agrária, para que os jovens possam ter o papel de atores sociais, instruindo familiares e amigos o que lhes foi ensinado. Dessa forma, com base nos princípios da República de Platão, a agricultura brasileira irá se aprimorar, em detrimento dos novos barões do café.