Título da redação:

Agronegócio: produção rentável mas insustentável

Tema de redação: O avanço do agronegócio e os reflexos no meio ambiente

Redação enviada em 27/09/2016

Com a chegada oficial dos europeus em terras hoje brasileiras no século XVI, teve início a exploração ambiental, considerando-se infinitos os recursos naturais. Citando apenas a Mata Atlântica, os monitoramentos recentes mostram que 88% da cobertura original foi devastada, além dos outros biomas. De acordo com o relatório produzido pela Organização das Nações Unidas (ONU), o agronegócio foi responsável por 70% do desmatamento na América Latina e 80% no Brasil, o qual, apesar de ser ainda a principal atividade econômica do país, é um negócio ambiental e socialmente insustentável. O desmatamento é necessário ao agronegócio na substituição das florestas naturais pelos pastos e cultivos. Essa prática é bastante nociva ao meio ambiente, sendo a causa primordial da intensificação do efeito estufa e do aquecimento global, além das queimadas utilizadas como forma rápida de desmatamento, liberando gases tóxicos na atmosfera. Um outro fator de impacto ambiental é o emprego da monocultura, pois essa técnica empobrece o solo, dificultando cultivos posteriores. Estudos feitos por grupo de proteção ambiental tem observado a disseminação de doenças como consequências dessas transformações ambientais. A mudança de vegetação, a extinção ou introdução de espécies de animais em determinadas regiões têm facilitado a entrada de doenças em ambientes onde antes elas estavam ausentes. Os prejuízos sociais, por sua vez, não são poucos. A expansão de terras agricultáveis tem desapropriado terras indígenas e ribeirinhas de suas populações nativas, deixando-as à mercê da sorte, sem assistência ou indenização. O pequeno produtor, do mesmo modo, é prejudicado pela produção barata em larga escala, além de milhares que não possuem um pedaço de terra e, em vez de se rederem à produção latifundiária, lutam pela reforma agrária nunca acontecida nos 500 anos de história do Brasil e pelo direito de cultivar a terra. A automatização da produção agrícola desempregou uma grande quantidade de agricultores e muitos ainda vivem em condições de trabalho sub-humanas ou escravas, de acordo com dados da ONU. Essa situação se mantêm por séculos porque os grandes latifundiários são os governantes do Brasil, e pelas palavras de Karl Marx, o governo moderno é apenas um comitê para gerir negócios da classe burguesa. Nesse sentido, a primeira medida que deve ser tomada é uma reforma política e a divisão de terras, para minimizar o poder político dos grandes proprietários, partilhando-o com o povo, como deve ser numa verdadeira democracia. A legislação contra crimes ambientais já existe e, por essa razão, o Ministério do Meio Ambiente deve investir em fiscalizações e aplicações de penas para os infratores, pontuando que o ministro de tal órgão não deve ser um latifundiário influenciado por seus próprios interesses. Cooperativas agrícolas em parceria com universidades, a partir de subsídios federais e estaduais, podem também promover a produção com métodos sustentáveis, garantindo a renda do pequeno e médio produtor e a preservação do meio ambiente.